terça-feira, 22 de julho de 2008

Luar do Sertão no Planalto Central

(Antes que as traças comam o que sobrou do blog, vamos botar esse negócio pra andar de novo.)


Atendendo a pedidos, vai aí um bom exemplo de arquitetura contemporânea na capital federal: Inaugurou mês passado a filial brasiliense do restaturante Mangai, já consagrado em Natal e João Pessoa. Assim como as unidades no nordeste, o Mangai Brasília incorpora valores tradicionais da cultura nordestina a uma linguagem arquitetônica contemporânea, sem soar caricato, brega ou exagerado. Receita na medida, cozida no ponto certo pela arquiteta paraibana Sandra Moura (mais projetos bacanas dela, a maioria no nordeste, aqui: www.sandramoura.com.br )



Localizado à beira do Lago Paranoá, em frente à já carimbada Ponte JK, o Mangai Brasília é, basicamente, uma reinterpretação de um tradicional galpão de fazenda, feito com estrutura mista (concreto e aço) e telhas cerâmicas. E é um galpão mesmo, aberto dos lados e no topo da cobertura, concepção só possível por aqui, onde o clima é bastante seco durante a maior parte do ano. Isso torna o ambiente bastante agradável e confortável.


Em frente, com bela vista para a ponte (especialmente à noite), há uma generosa varanda, com sofás e - claro - redes, que servem tanto pra esperar mesa (o que dificilmente será necessário, já que são 1.000 lugares, em confortáveis mesas e cadeiras de madeira rústica) ou simplesmente jiboiar a excepcional culinária nordestina servida lá dentro, num farto buffet que nocauteia os desavisados com uma variedade interminável de pratos típicos do sertão, um melhor que o outro.


O bloco da cozinha e serviços, baixo e com aberturas pequenas, dialoga bem com o corpo principal do restaurante, arejado e translúcido, que conta com detalhes bem sacados como a parede de pedra inclinada, a belíssima caixa do elevador, além de toques tão interessantes quanto divertidos, como os grandes lustres em forma de pião (e feitos de pequenos piões de verdade), os arranjos de bonecas de pano pelas paredes, cachos de banana ao redor de troncos de carnaúba e uma velha Rural Willys, caracterizada como os veículos usados pelos retirantes nordestinos ("de Catolé do Rocha para Brasília", lê-se na lateral), solenemente pousada sobre o bloco dos sanitários. Um verdadeiro diorama em escala 1:1, e uma clara homenagem aos nordestinos que acorreram em grande número ao planalto central e ajudaram a erguer a capital, tornando-se parte integrante de sua história e sua cultura.


Fica a dica: Passando por Brasília, não deixe de ir ao Mangai, pela arquitetura e pela comida. Que por sinal, considerando o lugar, o atendimento e a qualidade, não chega a ser cara. Mais informações no site www.mangai.com.br


P.S.: Estou estreiando como fotógrafo para o blog, powered by Sony Ericsson W580i. No futuro, prometo fotos melhores.