sábado, 27 de dezembro de 2008

Arquivo..

Corbu em clima de férias

Fim de ano chegou e com ele férias no blog... mas para nossos queridos leitores não sentirem nossa falta e não esquecerem da gente em 2009 eu separei alguns posts antigos que valem a pena serem lidos ou re-lidos...

Bom proveito e que 2009 seja um grande ano para todos nós.

:: Bloco de viagem 1: 8 villas
:: Charles Eames: "No, Ray is not my brother"
:: Feitiços
:: Subindo na mesa
:: Luz, pedra, poesia... Louis Kahn
:: De volta para o futuro
:: "O sonho pertence a quem habita e não a quem projeta"
:: Eterno Sofrimento

P.S.: Na foto o Corbu, ou Le Corbusier mesmo... meu cusco já feliz pelas férias do dono

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Traço de Arquiteto :: Pompidou, Renzo Piano e Richard Rogers

Seguindo mais uma séria-série, a de croquis de arquiteto...

pompidou, richard rogers, renzo pianoUm belo exemplo de como a mão é mais rápida que o mouse, um croquizão do Pompidou, onde se percebe claramente toda a intenção de projeto, inclusive com o gramado inclinado em direção à entrada principal...

Mais posts com croquis de arquitetos:
Mies, casa Tugendhat
Foster, Parlamento Alemão
E antes que eu me esqueça, um feliz natal!!!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Aproveite os feriados de fim de ano...

Imagem de Nova Iorque no Google Earth

Que tal um passeio por Nova Iorque nos feriados de fim de ano? Não tem grana? Tem medinho de avião como um certo arquiteto centenário? Não curte o frio que faz por lá essa época do ano? Seus problemas acabaram!!! O google earth atualizou incrivelmente a sua base de edifícios da big apple, com direito a texturas foto-realísticas e tudo mais... passear por Nova Iorque no google earth virou uma ótima opção para o tempo em que tu espera o peru ficar pronto, basta voar até New York e ativar o layer 3D buildings...

Mais informações no blog do google:
http://www.gearthblog.com/blog/archives/2008/12/new_york_city_in_photorealistic_3d.html

Para baixar o programa:
http://earth.google.com/

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Postal de Arquiteto - Eramus Bridge, Rotterdam

Seguindo a séria-série de postais de arquiteto...

erasmus bridge, rotterdam, Detalhe da Erasmus Bridge, em Rotterdam. Projeto do UnStudio, dos alemães Ben van Berkel e Caroline Bos, os mesmos que projetaram o museu da Mercedes em Stuttgart.

Como sempre, clicando na foto ela abre em uma resolução bacana...

Mais postais de arquiteto:
Scheepvaart en transport college, também em Rotterdam
City Hall em Londres
Louvre
La Defense
Great Court do Foster
Guggenheim do Wright
Barcelona de Gaudi

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Oscar Niemeyer - 101 anos

No cinzeiro, a inseprável cigarrilha, para desespero dos pneumologistas...

É... ele não se entrega.

Não há muito mais que possa ser dito sobre ele. O Blog não pode deixar de homenagear o Professor Oscar em mais um aniversário.

Esse, na verdade, era pra ser o post da cobertura da inauguração oficial da Biblioteca Nacional, em Brasília, na quinta-feira passada, um de seus projetos mais recentes. Atrasei e acabou ficando para o dia do aniversário.

A Biblioteca: Pouco inspirada, diriam alguns... mas um legítimo Niemeyer.

Niemeyer subiu ao planalto central para se reencontrar com sua obra, em uma extenuante viagem a bordo de sua Mercedes-Benz, desde o Rio de Janeiro, acompanhado de D. Vera, de seu motorista, um neto e um funcionário seu. A inauguração foi relâmpago, ninguém estava muito preocupado com a biblioteca, e sim em ver o mestre. Quando foi anunciado, após a breve cerimônia, que ele aguardava a todos no Museu da República, do outro lado da pequena esplanada que integra o complexo, a turba simplesmente pirou. Teve gente que saiu correndo.
A turba enlouquecida reverencia o mestre.

Lá dentro, o Professor aguardava, pacientemente, o início da cerimônia de lançamento da segunda edição de sua revista, "Nosso Caminho" (olhei brevemente, pareceu interessante. Como só aceitavam dinheiro ou cheque e estava sem um puto na carteira no momento, ficou pra depois). Seguiu-se uma sessão de autógrafos que, embora cansativa para um senhor centenário, conhecendo-o um pouco posso afirmar com quase certeza que foi idéia dele.


Quero fazer esse sucesso com as gatinhas aos 101...

A admiração das pessoas pela figura do Professor Oscar é de fazer Bono Vox e Mick Jaegger corarem de inveja. Tinha gente que olhava e não acreditava e até socialite fazia pose pra tirar foto com o véio. Estudantes de arquitetura o fitavam com reverência, embasbacados.

Pra achar o véio, só com legenda...

Embora o tempo começe a cobrar sua fatura, a começar pela sua visão, claramente prejudicada, a mente segue a todo vapor, e suas breves palavras, sempre evocando o espírito da solidariedade e humildemente ressaltando sua prevalência sobre a arquitetura, mostram uma lucidez invejável.
Enfim... para quaisquer efeitos, não restam dúvidas: Ali, calmamente pitando sua inseparável cigarrilha, ao lado do também inseparável Sussekind., com quem vira e mexe trocava uma idéia... estava um grande Brasileiro.
E, para terminar, já aproveitando a proximidade das festas de fim de ano, segue uma "noturna natalina" da Esplanada dos Ministérios, tirada da rampa do Museu da República. Acho luzes de natal uma cafonice sem tamanho, mas num cenário como esse, toda licença poética é válida.

P.S.: Agradecimentos à Ane pelas fotos, agora powered by CyberShot DSC-W120.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Joguinho arquitetônico....

Fim de ano chegando e o pessoal já começa a pensar em entrar em ritmo de férias... e o blog colabora com os momentos de preguiça...


Pouco tempo atrás recebi um email dando a dica desse joguinho (quase) para arquitetos, depois de jogar 2 vezes já enche o saco, mas as duas jogadinhas valem a pena... minha pontuação foi 93.647, já que ninguém escreve comentário dos textos bons, como por exemplo o do Gabriel sobre Tempelhof, pode ao menos escrever para nós qual a maior pontuação no joguinho... e não vale mentir!
abaixo o link para o jogo:
http://www.onemorelevel.com/game/where_on_earth

Ah, se tivermos mais do que cinco competidores o que tiver a maior pontuação ganha um croqui feito pelo Gabriel... se puxem porque o prêmio vale muito a pena!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Momento Vitrola - Nem só de tango vive um hermano...

Charly... un fenómeno

Retomando uma séria-série que não deveria ter sido esquecida... os momentos vitrola, porque é bem mais divertido trabalhar com boa música...

Há algum tempo descobri um blog argentino chamado Los Inconseguibles del Rock Argentino, um trabalho espetacular que reune links para baixar gravações completas de albuns que são difíceis de encontrar por já não serem catalogados, por não terem sido lançados em cd ou por qualquer outro motivo... e neste blog tem algumas obras de arte, como um show do Charly Garcia no estádio do Ferrocarril com direito a canja da Mercedes Sosa.... ou então a coleção de Fito... ou mesmo uma compilação de covers de músicas do Soda Stereo

O blog é imperdível para quem gosta de rock argentino e para quem tem ao menos curiosidade em saber o que se escuta pela terra do Maradona... vale colocar nos favoritos:

http://losinconseguiblesdelrock.blogspot.com/

Ah, nunca é demais dizer que nós não apoiamos a pirataria e que este blog que indicamos também não, eles não tem fins lucrativos e não disponibilizam arquivos de albuns recentes ou que sejam fáceis de serem comprados...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SOS Blumenau

Este post não é fora de hora, ele é propositalmente escrito depois de alguns dias da tragédia para que fique a lembrança que os moradores de Blumenau e região precisarão da nossa ajuda ainda por muito tempo... li que a cidade de Blumenau prevê pelo menos 5 anos para deixar a cidade em ordem...

Por hora, para ajudar como voluntário (inclusive dá para ajudar online):
http://www.voluntariosonline.org.br/pt-br/eventos/visualizar/121

Para fazer doações (vamos lá, 5 pila... se cada um deixar de tomar uma bira e ajudar é certo que logo a situação estará resolvida):

As doações para Blumenau podem ser feitas:

1) Depósito/Transferência:

A) BESC
Agência: 003-5
C/C: 400.000-3

B) Banco do Brasil
Agência: 0095-7
C/C: 400.000-5

C) Caixa Econômica Federal
Agência: 0411
C/C: 80.000-0

D) Bradesco
Agência: 0333-6
C/C 2020-6

Em todas as contas o Favorecido é: PMB – Calamidade Pública

CNPJ: 83.108.357/0001-15

2) Alimentos não perecíveis (Leite, alimentação infantil, entre outros)

Produtos de higiêne pessoal (absorventes, fraldas descártáveis infantis e geriátricas, entre outros)
Cobertores
Colchões


Fundação Pró-Família (Pequenas Doações)
Rua Itapiranga, 368
Bairro: Velha - CEP 89036-230
Fone: 55 (47) 3326-6972

Parque Vila Germânica (Doações Volumosas)
Rua Alberto Stein, 199
Bairro Velha - CEP 89036-200
Fone: 55 (47) 3326-6901
55 (47) 9976-0284

Informações retiradas do site da prefeitura de Blumenau

Queria poder dizer que essas imagens são de um filme ou só ilustrativas, mas não... são todas da cidade de Blumenau... se ponha na situação dos desabrigados e não pense duas vezes em colaborar da maneira que for possível...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Dèjá vu Arquitetônico - Edição especial

Os guris do Vista do Observador têm uma série chamada Dejavus Arquitetônicos, que já está no episódio XI... mas tem tudo pra crescer... e para ajudar eles, que andam atrapalhados com entregas de final de semestre, eu vou fazer um post para o doob... Thiago e Henrique, considerem esse o episódio XII... Dèja vú edição especial

Baltic Arena, em Gdansk - projeto do RKW ARCHITEKTUR, prestem atenção na escala das peças que fazem a cobertura-fechamento do estádio...

... vejam também que a solução da cobertura-fechamento da arena européia é composta por duas treliças que nascem no chão e cobrem as arquibancas, com placas translúcidas fazendo o fechamento entre eles...


E abaixo o projeto para cobertura do estádio beira-rio, realizado pelo Hype Studio... duas treliças metálicas que nascem no chão e cobrem o estádio, só que aqui o fechamento é com brises e -segundo um grande amigo- a treliça lembra, um pouco, o formato de uma banana... vocês concordam com isso?


P.S.: Continuem seguindo a série dos guris do doob... porque aqui foi episódio unico...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Auf Wiedersehn, Tempelhof.

Tempelhof: vencido pela idade...

No dia 30 de outubro desse ano, o aeroporto de Tempelhof, na área central de Berlim, Alemanha, encerrou suas operações. Seria mais um dia corriqueiro na aviação, onde aeroportos antigos e defasados, ou em situação urbanística complicada, fehcam as portas em detrimento de instalações mais novas, em dia com a evolução tecnológica do setor e melhor localizados em relação às áreas urbanas mais povoadas. Afinal, Berlim é bem servida de aeroportos, com Schoenfeld e Tegel dando conta do recado, de modo que Tempelhof ultimamente recebia apenas vôos regionais e a chamada aviação geral (vôos não-regulares, táxi aéreo, jatos executivos, etc.), alem de abrigar mui discretas instalações militares americanas (leia-se base de operações da CIA em Berlim).

Bem... seria. Mas o fechamento de Tempelhof teve um significado maior.

Definido por Lord Foster, autor de proeminentes projetos na área, como “a mãe de todos os aeroportos”, Tempelhof assombra pela sua monumentalidade. O prédio principal, que abriga desde o terminal de passageiros e áreas administrativas até hangares e áreas de manutenção, estende-se, em um imenso semicírculo, por mais de 1.200 metros, com altura de 6 andares. Figurou, durante muitos anos, entre os 20 maiores edifícios da terra. Junto ao pátio de aeronaves, há uma gigantesca cobertura em estrutura metálica, em balanço, sob a qual até mesmo jatos já modernos da década de 70 podiam estacionar, possibilitando o desembarque dos passageiros a salvo das intempéries, algo inédito até então. Hoje, quando muitos aeroportos possuem pontes de embarque, que levam o passageiro diretamente do terminal para dentro do avião, não parece algo relevante. Em 1941, acreditem: Era o último grito.

A impressionante cobertura em balanço: Um "must" em 1941

Ainda assim, em toda a sua monumentalidade, Tempelhof oferecia aos passageiros que por lá passavam um ambiente surpreendentemente intimista e aconchegante. O grande lobby do terminal, revestido em materiais requintados e com seu mobiliário um tanto racionalista, misturando aço e madeira, remete à era romântica da aviação, quando voar era privilégio de poucos, constituindo-se em um artigo de luxo.

O aconchegante terminal de passageiros

Tempelhof, como vocês já devem imaginar, fazia parte dos ambiciosos planos de Hitler. O prédio principal e algumas edificações vizinhas seriam uma espécie de “porta da Europa”, em sua mega-capital mundial, “Germania”. Albert Speer, arquiteto de Hitler, incumbiu o prof. Ernst Sagebiel (também responsável pelo projeto da suntuosa sede do Ministério dos Transportes Aéreos) de reformular o antigo aeroporto que ali existia, surgindo então uma das obras mais emblemáticas da arquitetura do III Reich.

Planta geral do edifício principal e outras edificações adjacentes: Parte do ambicioso plano do "führer".

Curiosamente, Tempelhof não teve uso militar intenso durante a II guerra mundial, a não ser em situações esporádicas. Mas, em suas instalações, foram montados bombardeiros “Stuka” e caças “Focke-Wulf”, com peças trazidas de várias partes da cidade através de uma engenhosa rede de túneis. Em 1945, no apagar das luzes do conflito, o aeroporto foi tomado por tropas russas, seguindo-se uma sangrenta batalha com a temida “Luftwaffe”, a força aérea alemã, durante a qual o comandante alemão que recebeu ordens para explodir o aeroporto preferiu tirar a própria vida a seguí-las. Os russos tentaram desocupar os cinco níveis inferiores (incluindo três subsolos) do prédio principal, mas as perdas já haviam sido grandes entre as tropas e os alemães haviam colocado minas por toda a parte. A solução dos russos foi inundar os níveis inferiores, condição em que se encontram os três subsolos até hoje, e assim devem permanecer, devido à grande quantidade de minas não detonadas.

Foi poucos anos mais tarde, em 1948, que Tempelhof protagonizou um dos episódios mais importantes de sua história. Alegando dificuldades técnicas, tropas russas controlando a alemanha oriental impediram todas as ligações terrestres com Berlim Ocidental, restando apenas as rotas aéreas que levavam a Tempelhof, então único aeroporto da cidade. Assim, nos próximos 11 meses, 2,5 milhões de berlinenses ocidentais dependeriam única e exclusivamente dos mantimentos que chegavam por Tempelhof, nas asas das forças aéreas das potências ocidentais. Um batalhão da força aérea americana chegou a ficar sediado lá durante este período para coordenar esta operação que praticamente garantiu a sobrevivência da cidade até 1949 quando acordos puseram fim ao bloqueio terrestre. A tensão entre o ocidente e os soviéticos só aumentaria nos anos seguintes, culminando com a construção do muro de Berlim, em 1961.


DC-3 da USAF descarregam mantimentos em Tempelhof, durante o bloqueio terrestre a Berlim Ocidental: Aeroporto garantiu a sobrevivência da cidade.

É em especial por este último episódio que a cidade de Berlim nutre sentimentos ambígüos em relação ao aeroporto de Tempelhof. Os alemães de um modo geral, têm um sentimento de culpa e rejeição a tudo que lembre o infeliz legado do país na II guerra, cuja intensidade é difícil para quem não é alemão entender. Mas pergunte a um berlinense idoso, que tenha crescido no lado ocidental, o que ele acha de Tempelhof. Freqüentemente, você ouvirá frases como “devemos nossa vida àquele aeroporto!” Por isso a perspectiva de fechamento (“demolição” não foi sequer mencionada) do aeroporto gerou uma grande comoção na cidade. Ainda assim, essa foi a decisão, e ainda permanece incerto o destino de suas instalações. Eu, como entusiasta da aviação, gostaria de ver um belo museu lá.

Conversando com um hamburguês, que também trabalha com aeroportos, e que me questionou por quê eu tinha uma bela foto de um DC-3 estacionado em Tempelhof como “wallpaper” no meu laptop, respondi-lhe que o aeroporto era histórico, por sua arquitetura e por sua importância para a cidade (sobre a qual fui procurar saber mais depois dessa conversa), e que era uma pena fechá-lo, o que eu já sabia que iria acontecer dentro de poucas semanas. Ele concordou, mas acrescentou: “Entretanto, crescemos com a culpa. Não sabemos se esse é exatamente o tipo de história que queremos preservar”.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

London Design Festival 2008 - David Adjaye

david adjaye temporary pavilionEm julho de 2007 o Fernando Lara nos apresentou no Parede de Meia o excelente trabalho do David Adjaye, um baita arquiteto nascido na Tanzânia, mas com formação em Londres... que eu desinformado (ou ignorante mesmo) ainda não conhecia ou ainda não tinha dado muita importância para ele...

Pois bem, ontem estava vendo um material sobre o já encerrado London Design Festival e descobri um pavilhão efêmero feito pelo cara, uma estrutura eliptica de 12 por 8 metros feita com madeira certificada, composta por dois ambientes e construída com 910 peças de comprimentos diferentes, criando um efeito tridimensional e um jogo de luz que devem ter deixado o pessoal do clube de rendado e costura da Basiléia com inveja...

Assim como o pavilhão Serpentine, após o fim do evento, ele foi desmontado e será leiloado...

Mais informações sobre o já encerrado festival: www.londondesignfestival.com
Mais informações sobre o Adjaye: www.adjaye.com - para quem ainda não conhece vale muito a pensa conhecer o trabalho do cara.

domingo, 30 de novembro de 2008

Momento Pipoca: Vicky Cristina Barcelona

Eu devia ter uns 10 anos quando eu e minha mãe fomos ao cinema ver Zelig, de Woody Allen, com meu pai. Lá pela metade do filme ela não aguentou (eu, então, nem se fala) e “pediu pra sair”. Esperamos lá fora, comendo uma pipoca em frente ao Cine Capitólio, vendo a vida passar pela Av. Borges de Medeiros, numa tarde ensolarada de sábado. Talvez esse episódio esteja na origem da minha implicância com ele (Woody, não meu pai). Enquanto a crítica especializada o incensava incondicionalmente e meu pai fazia coro, sempre achei os filmes de Woody Allen um porre. Talvez devesse ter assistido mais. Talvez devesse ter visto alguns novamente, coisa que faço com freqüência. Um espaço de 10 anos entre uma “sessão” e outra pode mudar totalmente a compreensão de um filme, aprendi isso.

De uns tempos pra cá, Woody, notório tarado e pervertido, parece ter se reencontrado. A explicação não pode ser outra, já que ela está presente em praticamente todos seus filmes mais recentes que, embora os críticos não concordem e continuem a exaltar obras passadas suas (ainda não perguntei ao meu pai o que ele acha), estão entre os seus melhores: Scarlett Johansson. Ela e aquela sua boca indecente. Ela e aquele seu sutil problema de coluna, que cria curvas onde não haveria nenhuma. Ela e aquela sua voz rouquinha. Ela e seu misto de sem-vergonhice e candura na medida certa. Ah sim, ela e seu talento. Como se não bastasse tudo isso, ela o tem.

No entanto, Vicky Cristina Barcelona, última incursão de Woody Allen pela telona, vai muito além de um pano de fundo estiloso para sua nova musa inspiradora desfilar, como foi o caso do fraco “Scoop – o grande furo”. Até porque essa está longe de ser uma das melhores atuações da menina, que no entanto não chega a decepcionar. Mas o “conjunto da obra” agrada, e muito. Desde a acertada escolha do elenco, com o casal Javier Bardem / Penélope Cruz protagonizando cenas antológicas, passando pelo bom andamento e ritmo, pontuado pela fotografia inspirada, que reverencia a bela Barcelona (como desejavam os investidores locais que financiaram o filme, a fim de promover a cidade), até a ironicamente didática narrativa “em off” das peripécias das duas turistas americanas na frenética cidade espanhola. Aliás, essa última expressão é um ponto de partida que, por si só, soa vazio e cheira a fracasso, e que Woody Allen conseguiu com maestria transformar em um bom filme, fazendo o que muitos dizem ser o seu melhor: Uma divertida e inteligente comédia.

Penélope Cruz rouba a cena, como a tresloucada María Elena.

O destaque em Vicky Cristina Barcelona vai, sem dúvida, para Penélope Cruz. No auge do talento e da beleza, que sobrevive à degradação do personagem e seu figurino desleixado, a espanhola rouba a cena na pele da tresloucada e auto-destrutiva María Elena, ex (pero no mucho) mulher do pintor e “bon vivant” Juan Antonio (Bardem, também competente). Ambos enveredam por divertidíssimas e confusas discussões, oscilando entre o inglês e o espanhol, as quais não raro terminam em agressão, às vezes física. Juan Antonio, aliás, explica, no início do filme, enquanto decide qual das duas princesinhas nova-iorquinas irá seduzir primeiro, que o motivo da separação foi justamente a doida tê-lo esfaqueado nas costas.

As duas “turistas” que dão título ao filme, e as diferenças entre elas, também preenchem bem a narrativa e valem o ingresso. Vicky (Rebecca Hall, grata surpresa) é uma caretona de carteirinha, de casamento marcado com um “yuppie” mais careta ainda, embora ela seja também um vulcão de sensualidade reprimida. Já Cristina (Johansson) é a porra-louca, espontânea, desencanada, artista, aspirante a fotógrafa, disposta a experimentar o que lhe passar pela cabeça ou o que lhe colocarem na frente. Como é de se imaginar, Cristina se sentrirá em casa em Barcelona, pintada por Allen como uma espécie de paraíso dos “free thinkers”, enquanto a travada Vicky, às voltas com seu pomposo “mestrado em identidade catalã”, deixa transparecer uma certa inveja pelo desprendimento da amiga e logo se verá em uma sinuca de bico, quando percebe sua vida perfeitinha e milimetricamente planejada levando uma bela e inesperada rasteira.

Cristina (Johansson), ciceroneada pelo "bon vivant" Juan Antonio (Bardem) e totalmente à vontade entre os "free thinkers" de Barcelona.

Alguns coadjuvantes de peso, como Patricia Clarkson (a anfitriã das meninas), completam o escrete de Woody Allen para esta pérola de seu “segundo auge”, como está sendo chamada sua fase atual. Eu, como fã da ”automobilia” clássica italiana, não pude deixar de admirar também a bela Alfa-Romeo Spider vermelha, provavelmente 1968, talvez uma alusão ou homenagem ao clássico A primeira Noite de Um Homem. Bem, contar mais é estragar a surpresa. Fica aqui a dica desse que já é o Woody Allen de maior sucesso na semana de estréia no Brasil em todos os tempos.

sábado, 29 de novembro de 2008

Daniel Libeskind em Porto Alegre - antes tarde do que nunca...

É impressionante a capacidade que eu tenho em me atrapalhar e deixar coisas simples se transformarem em coisas não tão simples... na boa, a dona Dora (senhora minha mãe) devia ler para mim, quando eu era piá novo, só as histórias do Pateta... e eu devia gostar muito porque cresci e virei um Patetão....

Esse post é sobre a palestra do Daniel Libeskind em Porto Alegre, a palestra foi há um mês atrás e ao invés de eu escrever um ou dois dias depois, eu fui empurrando com a barriga e agora já não lembro bem tudo o que eu queria escrever... já comentei no post das preliminares o contexto da palestra do Libeskind em Porto Alegre e também a peculiar atuação do mestre de cerimônias, agora vou falar do que mais interessa, a palestra propriamente dita.

Vestindo um clássico uniforme de starchitect, terno preto sobre camiseta preta, Libeskind começou sua conferência elogiando a cidade de Porto Alegre e principalmente demonstrando encantamento pela Fundação Iberê Camargo... após isso ele puxou uma primeira e em uma velocidade estonteante ele mostrou variados projetos que ele realizou por vários países, alguns projetos bacanas outros nem tanto... e para quase todos os projetos ele mostrou croquis, cortes, fotos internas e externas...

O primeiro projeto mostrado foi o do museu judaico em Berlim... quando ele pela primeira vez na noite (primeira de 837 vezes...) ele destacou a importância da arquitetura gerar surpresa e provocar sensações... Dramatic!!! Com um discurso envolvente ele seguiu o seu show de imagens até terminar a palestra com o projeto para o Ground Zero ou Memory Foundations... quando ele se antecipou a sabatina sobre as mudanças no seu projeto inicial e comparou um grande projeto com uma orquestra onde o maestro deve coordenar os movimentos de todos mas não é capaz de tocar todos os instrumentos... e que democraticamente um projeto de tamanha importância deveria atender a diversos interesses diferentes... e para finalizar ele fez de conta que toda a platéia era cega e mostrou um croqui do seu projeto vencedor do concurso e depois mostrou uma perspectiva de como ele está após a entrada do SOM na jogada, como responsáveis pelo projeto da torre principal, e teve a cara de pau de dizer que a versão atual é muito parecida ao seu projeto vencedor do concurso... claro que ele não deixou de enfatizar o desenho original da freedom tower fazendo relação à estátua da liberdade... (coisa que o pessoal do SOM resolveu que não era importante, que o importante mesmo é o prédio ser “à prova” de atentados...)

Terminado o show de imagens com um discurso empolgado e após um longo e caloroso aplauso começou a sessão de perguntas.... não vou comentar que a maioria delas eram terríveis, algo do tipo “o senhor gostaria de fazer um projeto em Porto Alegre?” ou “o senhor poderia dar alguma idéia para a nossa abandonada área portuária?” e ainda “qual o seu processo criativo?”.... para esta última ele respondeu na lata “não faço idéia...”

Nas suas respostas novamente ele comparou arquitetura com música, para quem não sabe ele toca(va) violino, e seguiu com um discurso positivo e com algumas tiradas boas e outras previsíveis, como quando lhe foi perguntado se ele era um deconstrutivista e ele respondeu que não, pois um arquiteto deve sempre construir e não o contrário... e também soube se esquivar quando perguntado se a arquitetura que ele faz é viável em países pobres e ele respondeu que independente do país todos merecem boa arquitetura...


No final das contas foi uma boa palestra, os estudantes saíram motivados e extasiados... os professores sairam com a preocupação de como explicar para os alunos que arquitetura é mais do que formas arrojadas e que deve ser levado em consideração o entorno, a materialidade, uma boa implantação... alguns dinossauros saíram achando que o que ele faz não é arquitetura, já que não tem pilotis, terraço jardim, janelas em fita... alguns foram e não gostaram.... outros não foram e também fizeram questão de não gostar....

E eu... eu saí feliz, fazia tempo que não via alguém falar de arquitetura de forma leve e descontraída, sem ficar procurando problemas em tudo, sem querer criticar deus e o mundo... simplesmente fazendo seu trabalho da melhor forma que acredita ser possível e sendo feliz com isso... sendo feliz com o caminho e a linguagem que ele trilha com grande competência... acho que devemos tomar cuidado para não esquecer que arquiteto também pode (e deve) ser feliz.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Postal de Arquiteto - Céu de Barcelona, traço de arquiteto

barcelona gaudiFinal de semana fui ver o filme novo do Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona... e me inspirei... só não faço um post-momento-pipoca, porque o Gabriel também viu e ele é imbatível no momento pipoca... mas de cara já recomendo, vale o ingresso antes mesmo da linda Penelope Cruz, em uma atuação merecedora de Oscar para atriz coadjuvante, aparecer...

Gabriel, não demora... escreve antes do filme passar na sessão da tarde!

Site oficial do filme: http://vickycristina-movie.com/

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Traço de Arquiteto - Norman Foster

parlamento alemãoClicando no croqui ele abre grandão em outra janela.

Seguindo a séria-série de croquis de arquitetos... um Foster original, ótimo croqui de desenvolvimento de projeto... planta esquemática, perspectiva interna e croquizão geral... teremos uma negra geração de arquitetos se a gurizada não se der conta que a lapiseira é o início de tudo... ou será que levam seus notes para as mesas de boteco para croquizar enquanto se gelam?

Para quem não conhece a obra do lord Foster, esse é um croqui do Parlamento Alemão, que por engano estava indicado como sendo do City Hall of London... mas que uma caridosa e anônima alma nos alertou quanto ao nosso ato falho...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Novos estádios de futebol... novas oportunidades perdidas...

Sonho palmeirense, deve vir da década de 80...
Eu fico triste cada vez que vejo alguma notícia relacionada à novos estádios... quando vejo o projeto de um novo estádio para o Brasil, já com a Copa do Mundo de 2014 em vista, vejo uma boa oportunidade jogada fora... impressionante como são medianos e até feios os projetos que apareceram por aí e isso inclui o projeto do novo estádio do meu Grêmio imortal e peleador... e vale também para o novo Parque Antártica, o novo Orlando Scarpelli, a nova Arena Corintiana, o novo Couto Pereira, a Arena da Baixada 2.0, a nova Vila Belmiro... entre outros tantos estádios de clubes que sonham em ter uma nova casa e que recentemente viraram notícia por aí...

E pra aumentar minha tristeza, cada vez que vejo alguma notícia de novos estádios fora do Brasil, eu vejo quase sempre coisas bacanas... a ultima leva de estádios que vi foi para a Euro 2012, que terá como sede as vizinhas Polônia e Ucrânia... não que todos sejam sensacionais, mas em termos gerais são bem mais interessantes do que tenho visto por aqui... e antes que alguém duvide da capacidade dos nossos arquitetos, pelo o que eu vi os nossos futuros estádios possuem quase todos projetos importados...

Abaixo alguns dos futuros estádios pra a Euro 2012...

Municipal Stadium, Wroclaw - JSK Architekten

Olympic Stadium, Kiev - Archasia Design Group

National Stadium, Warsaw - JSK Architekten

Será que a diferença, além da cultura arquitetônica do velho continente, é que na Europa praticamente todos estes projetos são fruto de concurso ou vamos ser simplistas e dizer que nossos projetos são ruins porque somos um país em desenvolvimento? Afinal a Polonia e a Ucrânia são potências econômicas mundiais, né?

Informações sobre outros estádios da Euro 2012:
http://www.poland2012.net/stadiums-in-poland/
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=21490535 - Interessante comparativo com os estádios da Euro 08.
http://mconstructions.pl - Lech Stadium, Poznan
http://www.gmp-architekten.de - Silesia Stadium, Chorzow
http://www.donbass-arena.com - Donbass Stadium, Donetsk
http://www.hochtief-construction.com - Dnipro Stadium, Dnipropetrovsk
http://www.alpine.at - Municipal Stadium, Lviv
http://www.fiebiger.com - Chernomorets Stadium, Odessa
http://arena.metallist.kharkov.ua - Metallist Arena, Kharkiv

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Causos Arquitetônicos - o tal greenbuilding e a arquitetura sustentável...

arquitetura sustentavel greenbuildingAlgum tempo atrás linkei uma entrevista do Glenn Murcutt e outra do Souto de Moura que (in)diretamente falavam sobre a sustentabilidade na arquitetura ser um princípio básico de projeto e uma responsabilidade do profissional e não uma coisa extraordinária que serve mais como ação de marketing para um mercado imobiliário sedento por novidades...

Vou contar para vocês um causo que foi presenciado recentemente por um amigo, só para ilustrar um pouco como isso às vezes é tratado no mercado:

Projeto de um empreendimento comercial no interior no Rio Grande do Sul, aproximadamente 6 mil metros quadrados e uma intenção de estampar um selo da USGBC no material de venda... e para isso,  entre outras soluções que valem ponto no sistema LEED, seria adotado o aproveitamento da água da chuva para lavagem dos pisos externos e para irrigação da grama e dos jardins e o empreendimento também contaria com uma estação de tratamento de efluentes (ETE), tratando todas as águas negras e cinzas e aproveitando a água tratada pela ETE somente para os vasos sanitários.

Até aqui tudo ok, até que alguém levantou a seguinte questão: pelos cálculos realizados, levando em conta indíces pluviométricos e as áreas a serem lavadas/irrigadas, o reservatório para água da chuva deveria ter entre 5 e 7 mil litros... paralelamente a ETE realizando o tratamento de todas as águas cinzas e negras e abastecendo apenas os vasos sanitários estaria aproveitando apenas 30% das águas servidas tratadas e os outros 70% seriam encaminhados para a rede pública de esgoto pluvial.... e estes 70% equivalem a bem mais de um mês de água da chuva recolhida para uso na irrigação....

Então surgiu a dúvida, por que não utilizar também a água tratada pela ETE para irrigação do jardim e eliminar o recolhimento e uso da água da chuva? Já que seria jogada fora mais água tratada pelo ETE do que água recolhida pela chuva e que o gasto de todo o sistema de recolhimento e bombeamento da água da chuva se tornaria inutil e por isso contrário a qualquer conceito sóbrio de sustentabilidade e de bom senso....

Será que alguém seria (in)justo e responderia: Para quem tem a sustentabilidade só como ação marqueteira é melhor gastar recursos por nada do que deixar de pontuar no LEED e perder a chance de fazer propaganda com um selo bonitinho no material de venda...

Não... claro que ninguém seria injusto assim...

sábado, 15 de novembro de 2008

Arquitetura contra o diabetes

iberê camargo arquiteto alvaro siza dia mundial da diabete iluminação azulSede da Fundação Iberê Camargo com iluminação especial para conscientizar a sociedade
(foto: Diego Varas/ZH)

Ontem foi o dia Mundial do Diabetes, data que tem o objetivo de conscientizar a sociedade da importância de identificar a doença -que a atualmente atinge mais de 250 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 80% dos casos em pessoas que vivem em países de baixa ou média renda (!)- no seu estágio inicial.

E como parte das atividades de conscientização 300 monumentos e obras em mais de 25 países foram iluminadas com a cor azul, que simboliza a doença... em Porto Alegre a Fundação Iberê Camargo foi uma das duas obras que receberam a iluminação especial, a outra foi a sede do Instituto da Criança com Diabetes.

A solução para reduzir novos casos da doença passa pela educação da população que cada vez menos possui hábitos alimentares saudáveis e cada vez mais prefere o sofá ao invés de praticar regularmente exercícios físicos... ou seja, horas na frente do computador + junk food = situação de risco...

Mais imagens no site do jornal Zero Hora:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?newsID=DYNAMIC%2Cgaleria.GalleryDelivery%2CphotosGalleryXml&template=3816.dwt&pg=1&groupid=394&galeriaid=15351&uf=1&local=1&section=Fotos#

Ahhhh... qualquer coincidência da obra do Siza com a obra abaixo é mera coincidência...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Postal de Arquiteto: Guggenheim Museum

Ante a insistência - justificada, é verdade - do meu co-blogueiro para a minha volta aos escritos, com direito até a aviso de abandono de lar, comecei a escrever um texto sobre minha recente visita inaugural ao Guggenheim Museum, em uma passagem-relâmpago por NY. Acontece que o texto começou a ficar longo e a soar piegas, quase jeca. Deixo-vos com esse singelo testemunho fotográfico da minha passagem por lá, num domingo magicamente ensolarado, com direito a uma esticada pelo Central Park na seqüência.

Uma imagem vale mais do que mil palavras. Fica aqui minha homenagem a uma das minhas obras preferidas, não só do Véio Frank como de arquitetura, de um modo geral. Não há nada mais de útil a dizer sobre a obra e seu autor que já não tenha sido dito. E também não há nada que eu mudaria lá também, por fora ou por dentro.

Bom, talvez eu demolisse aquele anexo escroto by Gwathmey/Siegel. Como eu desconfiava, não precisava existir mesmo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bloco de Viagem: Montréal

Downtown Montreal...
E, falando em Viagem...

Montréal é uma cidade bacana. Embora um tanto "cinzenta", é limpa e organizada, o transporte público é uma beleza, o povo é simpático e educado, fala efetivamente francês e inglês, com preferência para o primeiro, a língua das ruas. Mas lhe atenderá no idioma bretão sem resmungos nem cara feia (não: lá não é Paris). E, apesar do número acima do normal (para um país como o Canadá) de bêbados, mendigos, flanelinhas e malucos soltos pela rua, eles são inofensivos e a cidade é segura.

Há bares e pubs para todos os gostos, na bela cidade velha (que tem um quê Buenos Aires) e na boêmia Rue Saint-Denis. Meus contatos imediatos com a culinária vietnamita foram bem sucedidos, recomendo.

A boêmia Saint-Denis e seus... humm... "prédios de inspiração francesa".

Mas, em termos de arquitetura, confesso que Montréal deixa a desejar. Grande parte da cidade, em especial os subúrbios residenciais e a área central, se parece com qualquer cidade norte-americana. O pouco que chama a atenção são alguns neo-modernos ou "business centers" no centro, uma ou outra loja diferente na Rue Saint-Catherine (como a descolada Apple Store, que em seguida volto a comentar) e os prédios de inspiração francesa, na cidade velha. No entanto, caminhando por ali com um economista alemão, colega de curso que já viajou toda a europa, comentei com ele que a arquitetura ali era interessante, e ele prontamente respondeu que até sim, mas não havia visto prédios como aqueles na França. Na verdade, em nenhum país da Europa.

O problema é que a "inspiração francesa" na arquitetura acabou se sedimentando como um orgulho local, comparando a grosso modo, mais ou menos como aconteceu com o "estilo bávaro-suíço" em Gramado, no Rio Grande do Sul. Assim, o mercado imobiliário a explora e presenteia a cidade com exemplares bizarros de edifícios residenciais, comerciais e hotéis de "inspiração francesa" de gosto altamente duvidoso e baixíssima qualidade arquitetônica. Coisa de louco. Pra quem acha que essas coisas não acontecem nesses lugares, é bom ficar ciente de que o primeiro mundo também produz muito lixo arquitetônico.


Não fui lá, mas vi isso do avião...

Isso só acentua o fato de que a boa arquitetura é desconcertantemente escassa em Montréal. Os prédios que não são cafonas, são comuns, estéreis, no máximo corretos. É verdade que repeti os mesmos percursos durante a semana e não tive tempo de fazer um "turismo arquitetônico" mais afinado. Perdi de visitar o Estádio Olímpico (que apesar do nome, é bem legal) e o belo Oratório de São José, a maior igreja católica do Canadá. Mas a gente sempre sabe quando uma cidade é tomada de boa arquitetura: Normalmente, não é necessário procurar... ela "te acha".

Mas... nem tudo está perdido. A Grande Bibliothéque du Québec é muito legal. Projeto do escritório Patkau Architects, de Vancouver. Era perto do meu hotel (de inspiração francesa, diga-se de passagem) e pude visitar um dia, à noite. Um bom exemplar contemporâneo. Pena que as fotos no interior são proibidas. Mas valeu essa externa.

Grande Bibliothéque du Québec

Ah, assim como acontece em boa parte da área mais central da cidade, para suportar os rigorosos invernos, a biblioteca é conectada diretamente ao metrô, pelo subsolo. Há praticamente outra cidade lá. Isso me possiblitava caminhar 50m do hotel à estação, descer 3 estações depois e ir direto para a sala de aula no 11o. andar da Torre da Bolsa de Valores, no centro, sem passar pela rua. Bem interessante.
E além do mais, a Rickards Red é uma das melhores cervejas que já tomei, e as montrealenses são belas, esguias e bem vestidas, de fama nacional... nesse ponto, é uma espécie de Porto Alegre canadense.


É... nem tudo está perdido. Afinal, nem só de arquitetura vive o homem. Noves fora, vale a pena passar por lá.

domingo, 9 de novembro de 2008

Nenhuma viagem é definitiva...

big ben londres escultura relógio salvador dali riverside thames foto arquiteturaMais uma foto tirada pela famosa camerazinha...

Quando fiz minha pós em administração de empresas eu lembro dos professores falando que a melhor maneira de encontrar novas soluções para uma indústria é utilizar exemplos de outras indústrias.... por exemplo, para saber como atrair clientes no mercado de luxo da construção civil ao invés de copiar soluções utilizadas por outras empresas da construção civil, estudar as soluções que outros mercados de luxo como por exemplo o de automóveis, que muitas vezes valem bem mais que um apartamento, utilizam para atrair esse tipo de cliente e pensar como adaptar essa solução à indústria da construção civil.... é até algo meio óbvio, para inovar não basta olharmos para o que já esta sendo feito, precisamos tomar em outras fontes... como por exemplo as artes plásticas, a literatura, o cinema, a música...

E nessa linha eu separei uma passagem do Saramago no livro "Viagem a Portugal"...

Viaje segundo seu projeto próprio, dê mínimos ouvidos à facilidade dos itinerários comodos, aceite enganar-se na estrada e voltar atrás, ou, pelo contrário, persevere até inventar saídas desacostumadas para o mundo. Não terá melhor viagem.... A felicidade tem muitos rostos. Viajar provavelmente é um deles. Entregue as suas flores a quem saiba cuidar delas, e comece. Ou recomece. Nenhuma viagem é definitiva....

As colocações dele neste paragráfo são perfeitas para ilustrar um bom processo projetual, ou estou enganado?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Dia do Designer...

Ultimo dia 5 foi o dia do designer e o nosso blog não poderia deixar de prestar uma singela homenagem...

Sei que não é novidade, mas eu não conhecia... vocês acham que é possivel abrir um pacote de camisinha e coloca-la em 1 segundo? Se isso fosse possível seria o fim do anti-climax na hora H... pois é, um designer africano resolveu isso com um genial projeto de embalagem...



Será que o Le Corbusier trocaria sua coleção de LCs, feita em parceria com a Charlotte Perriand, por essa embalagem?

mais informações:
http://www.prontocondoms.co.za/index.htm

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Daniel Libeskind em Porto Alegre - as preliminares

Em 2007 o grupo Copesul deu inicio à promoção do Fronteiras do Pensamento, um ciclo de conferências multidisciplinares com objetivo de gerar reflexão sobre a criação artística contemporânea e sobre a estética que molda, moldou e/ou moldará o mundo... contando com apoio de lei de incentivo à cultura e com o apoio das principais universidades do Rio Grande do Sul (UFRGS - PUC - UNISINOS) o Fronteiras do Pensamento se tornou um curso de extensão de universitária, com direito a certificado emitido pela UFRGS para aqueles que tiverem um mínimo de 75% de presença...

As incrições para o ciclo de conferências (que este ano conta com 16... e entre outros conferencistas deste ano já passaram o polêmico (e vaiado) Gerald Thomas, o cineasta David Lynch e o escultor Richard Serra...) se encerraram em março e são disponilizados ingressos avulsos para cada conferência à um custo de R$ 100,00... e foi principalmente por estes ingressos avulsos que o salão de atos foi tomado por estudantes de arquitetura e arquitetos que foram assistir a conferência do arquiteto Daniel Libeskind.

palestra daniel libeskind fronteiras do pensamento ground zeroChegamos cedinho e pudemos sentar nas primeiras filas, e de repente entra um arquiteto no papel de mestre de cerimônias: "eu sou fulano... sócio-diretor do escritório de arquitetura tal... também escrevo livros como por exemplo este e aquele... e agora a palestra do arquiteto Daniel Libesquindi, autor do museu judaíco de Berlim e do projeto do marco zero..." foi a primeira vez que vi um mestre de cerimônias se apresentar ao invés de apresentar o palestrante...

No próximo post eu escrevo sobre a palestra em si.... é que eu não podia deixar de explicar o contexto da vinda do Libeskind para o Brasil, antes que comecem a pensar que ele anda dando voltas ao mundo por ingressos de 45 dólares, e muito menos podia deixar de registrar a pavonice do mestre de cerimônias...

Mais informações sobre o ciclo de conferências:
http://www.fronteirasdopensamento.com.br/home-poa

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Daniel Libeskind em Porto Alegre

Infelizmente não é um projeto dele para fazer companhia ao do Siza, mas sim uma palestra que faz parte do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento...


Para quem não comprou o passaporte para todas as 16 conferências de 2008 pode telefonar para o 51. 3019.2326 e reservar seu lugar.

Semana que vem eu faço um post sobre o que achei de conferência...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Momento Pipoca - Ensaio Sobre a Cegueira



Como o Gabriel, que é o titular do "momento pipoca", disse estar com preguiça de escrever no blog, eu vou assumir essa seção para ele ver como eu não sirvo para ela e então ele retornar com bons textos...

Final de semana fui tardiamente assistir o denso Ensaio Sobre a Cegueira, ou simplóriamente chamado em inglês de Blindness, adaptação da obra do vencedor do Nobel de literatura José Saramago, dirigida pelo arquiteto brasileiro Fernando Meirelles... sim o Meirelles é arquiteto e quem acompanha o blog há mais tempo já sabia disso... (http://arquis.blogspot.com/2007/05/chico-buarque-pink-floyd-fernando.html)

O filme retrata uma cidade imaginária, multiracial e onde os idiomas se misturam, que é atingida por uma inexplicável epidemia de cegueira, mas a história não é sobre essa epidemia ou sobre como descobrir a cura dela.... a história é sobre a fragilidade das sociedades ditas civilizadas perante um problema sem solução aparente... sobre o essencial ser realmente invisível aos olhos (sim, st. exupery também está na minha biblioteca...)....

O trabalho do diretor de fotografia Cesar Charlon é impressionante, a complexidade, a riqueza e ao mesmo tempo a dureza que a luz transmite no filme é algo que já vale o ingresso... some isso à ótima história do Saramago e às excelentes interpretações do Mark Rufallo, como médico, da sempre bela Julianne Moore, como esposa do médico e rainha mãe e também do Yoshino Kimura, primeiro ator a ser atingido pela cegueira e que é responsável pelas angustiantes cenas iniciais do filme e não perca de assistir o filme, ainda deve estar em cartaz.


E como esse é um blog quase sempre sobre arquitetura, não podia deixar de dizer que o Meirelles fez valer seu diploma... tendo como cenário principal para as externas uma São Paulo maquiada por placas de rua em inglês e táxis nova iorquinos, o personagem do Yoshino Kimura mora no ed. Louveira, do mestre Artigas... o médico mora em uma casa modernista que fica pertinho do Louveira, mas que eu não sei quem é o arquiteto (por favor, colaborem com essa informação...)... entre outras locações temos o Minhocão no maior astral Blade Runner... o (i)Memorial da América Latina... e até o novo cartão postal de São Paulo, a ponte Otavio Frias que aparece ainda em obras.

Se interessou, visite o site oficial do filme: http://www.blindness-themovie.com/
e o imperdível blog do Meirelles sobre a produção: http://blogdeblindness.blogspot.com/