quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Postal de Arquiteto :: Casa Rietveld-Schröder

Seguindo a séria-série de fotos arquitetônicas, uma imagem da casa Rietveld-Schröder contextualizada na mais do que bela Utrecht...

Como sempre a foto é tirada pelo autor do post e clicando nela vai abrir em uma resolução bacana... e como sempre ela está disponível para todo e qualquer uso e nem precisa pedir autorização para isso... mas se der os devidos créditos ficaremos tri faceiros.

Outros postais da nossa série:

domingo, 27 de setembro de 2009

Telhados de Paris, telhados de Viena..

Telhados de Paris
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
(Nei Lisboa)
...

Telhados de Viena


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Zaha Hadid, quem diria?

Eu nunca fui muito fã da Zaha Hadid, em parte por achar a arquitetura dela mais escultura do que arquitetura... por achar que ela apela para formalismos desnecessários.... ou talvez não goste muito por conhecer pouco, no quase longínquo ano de 1997 (quando eu comecei a minha vida de estudante de arquitetura) não se falava nela pelas salas de aula da PUC, (tardiamente) se falava em Richard Meier, Jean Nouvel, Legorreta...

Passados vários anos eu estive em Londres e por falta de opção fui visitar uma exposição dela e confesso que fiquei impressionado com a quantidade de megaprojetos que ela tinha pelo mundo e sai do London Design Museum conhecendo mais a sua produção e pensando que em poucos anos haveria um monte de obras finalizadas da afilhada arquitetônica do Koolhaas (cara que na teoria manda muito bem, mas que a mim a arquitetura não me convence), mas não sai convencido que o que ela faz é realmente bom... talvez por seguir sem visitar uma obra dela...



Quase dois anos após ver a exposição em Londres estava eu em Viena pensando no que fazer em uma tarde que a chuva insistia em aparecer mais do que o sol... e novamente... não tem tu, vai tu mesmo... peguei o metrô U4 e parei em Spittelau.


Acho que era domingo... a estação estava vazia, as ruas também não tinham muita gente... e logo cruzando a ponte sobre o Danubio e deixando para trás a exótica usina de geração calor através de queima de lixo (outra hora falo sobre ela) eu avistei um pequeno edifício que zigzagueava sobre um antigo viaduto como quem brinca de amarelinha...

Ali estava um conjunto de apartamentos projetado pela iraquiana sobre um tombado (e pouco cuidado) viaduto em arcos projetado pelo Otto Wagner... um projeto interessante que tem os traços característicos dela sem forçar demais, gerando uma relação muito boa com o viaduto -que hoje é um peatonal- que passa sob a edificação...

Olha... fiquei surpreso, a mais linda das arquitetas me impressionou muito positivamente, arquitetura bonita, viável, contextualizada... acho que a próxima vez que visitar algo dela não vai ser por falta de opção em um dia chuvoso.


Como sempre, as figurinhas são de minha autoria e podem ser usadas, copiadas, distribuídas, sem maiores frescuras... produzir conhecimento é um função social.

No site da Zaha diz que sob os arcos existem bares e restaurantes... mas eu não vi isso (confesso que não procurei)... mais informações:

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Momento Pipoca: "O Arquiteto"



Você leu bem: Não é repetição do post anterior. E, sim: Por incrível que pareça, existe um filme com esse nome. E não é tradução besta, o título original é esse mesmo.

Aliás, só um não: uma meia dúzia... há outros com o mesmo nome, segundo o IMDb, porém, à primeira vista, de menor relevância.

Não que The Architect, produção norte-americana de 2006 seja uma obra prima cinematográfica. Está longe disso. Com elenco, cenário (e estereótipos) tipicamente americanos à mão, o diretor Matt Tauber tenta, por vezes, dar ao filme uma roupagem de drama existencial à européia, mas não chega lá. Entretanto, vale pela curiosidade do tema. Mais um "nice guy" na parada.

A história gira em torno do arquiteto Leo Waters (Anthony LaPaglia, celebrizado pelo seriado "Without a Trace"), às voltas com a esposa infeliz (Isabella Rosselini, propositalmente feia e apagada para o personagem), a filha adolescente com os hormônios à flor da pele (Hayden Panettiere, a apetitosa "cheerleader" do seriado "Heroes"), o filho desinteressado pelos estudos e uma líder comunitária que defende a demolição de um de seus projetos, um conjunto habitacional popular num subúrbio de Chicago.

Aliás, essa é a melhor das várias histórias paralelas que o filme conta: Tonya Neely (Viola Davis, indicada ao Oscar esse ano por "Dúvida") aparece um dia em uma das aulas que Waters ministra em uma faculdade de arquitetura - e para onde frequentemente arrasta os entediados filhos que sonha ver também arquitetos, apresentando-lhe um abaixo assinado pedindo a derrubada dos prédios que ele projetou (segundo ela, até Oprah Winfrey já teria assinado). Sustenta que a arquitetura do conjunto deixa as pessoas infelizes e potencializa problemas já sérios da área, como a violência e o tráfico de drogas, e pede que ele(!) também assine, para dar credibilidade ao documento (mais tarde, se saberá que seus motivos são mais íntimos e profundos do que se imaginava). Waters, magnânimo, defende seu projeto, dizendo que os problemas não são culpa dele e que os apartamentos são populares, baratos, etc. Ao longo do filme, o embate se desenrola, e sua defesa apaixonada do projeto, durante a qual até o pobre LeCorbusier é citado, sofre um abalo quando vem à tona que ele nunca esteve no conjunto depois de elaborar o projeto, para ver como as pessoas lá viviam.

Assim, entre dramas existenciais de vários personagens que, vez por outra, irão se cruzar, Waters vai fazendo uma retrospectiva e revendo valores, tanto em casa quanto no trabalho, acabando por fazer uma severa autocrítica.

Como disse anteriormente, o filme não chega a ser uma "pérola", mas vale pela curiosidade do tema. Fica aqui um registro de mais um colega na telona. Se topar com ele zapeando pela programação cada vez pior da TV por assinatura, vale uma parada, pra matar a curiosidade.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Com a palavra... o arquiteto

Campo Grande: Tranquila e arborizada, começa a sofrer com a verticalização.


(Direto de Dourados - MS)

Hoje pela manhã, assistindo um noticiário local na TV, uma reportagem me chamou a atenção, não pelo assunto em si, pois o fenômeno da verticalização acelerada da simpática e arborizada Campo Grande tem ocorrido em várias outras cidades brasileiras, e já não é exclusividade das capitais. Mesmo aqui em Dourados, segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul, que já conta quase 200.000 habitantes, alguns edifícios residenciais de porte considerável já começam a surgir. Clique aqui para ver a reportagem.

O que me chamou a atenção mesmo foi que, na reportagem, três arquitetas foram ouvidas, ora como moradoras da cidade, ora representando a prefeitura. O vídeo não mostra, mas se seguiu à reportagem uma interessante entrevista em estúdio com o arquiteto Ângelo Arruda, sobre a questão da verticalização em Campo Grande, onde ele cita também o início do fenômeno também em Dourados e Três Lagoas, outras importantes cidades do estado.

Eu e o Luciano sempre conversamos bastante sobre o distanciamento que o arquiteto sempre teve da grande mídia no Brasil (se por iniciativa da mídia ou falta dela por parte dos arquitetos... a discutir), estando restrita normalmente a programas ou inserções na mídia impressa e digital que tratam mais de interiores e decoração (sem demérito a essas áreas, que fique claro). Salvo honrosas exceções - como o caderno de arquitetura da Folha, por exemplo, é comum ver engenheiros ou outros profissionais dando entrevista sobre assuntos como planejamento urbano, e outros "quadrados" nos quais caberia tipicamente ao arquiteto dar pitaco.

Não sei pra vocês, mas num cenário desses, uma reportagem como essa, seguida de entrevista soa como alívio pra mim, com a certeza de que ainda temos voz.

Enfim... uma passada rápida pra colocar esse assunto na roda por aqui. Parece que nem tudo está perdido.

P.S.: Ângelo Arruda também orbita na blogsfera, tratando principalmente de questões urbanas relacionadas a Campo Grande. Clique aqui para ver o seu blog.

domingo, 6 de setembro de 2009

Postal de Arquiteto - Parlamento Alemão

Retomando a série de postais de arquiteto, Parlamento Alemão do lord Foster.


Como os outros postais... a foto foi tirada por mim, mas fiquem à vontade pra copiar, photoshopar, colar no espelho do banheiro... e nem precisam avisar.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O homem que se chamava Maria...

Aachener é uma pequena cidade no interior da Alemanha, quase na divisa com os Países Baixos e lá foi construída no século VIII, sob encomenda do imperador Carlos Magno, a Capela Palatina, que foi ganhando puxadinhos (como quase todas as igrejas européias) e acabou se tornando a Catedral de Aachener (ou de Aquisgrana), uma mistura de estilos arquitetônicos que segundo a UNESCO faz parte do Patrimônio da Humanidade.


Catedral de Aachener


E foi nessa pequena cidade, no dia 27 de março de 1886, que nasceu um homem chamado Maria Ludwig Michael Mies... conhecido também como Mies van der Rohe ou Mies van der Hero para os mais fanáticos.


Ele era filho de um cantero (cantero é aquele que trabalha com pedra de cantaria) que mantinha uma pequena empresa familiar de mármores na qual Ludwig ocupou seus dias como aprendiz e desenhista, já as noites eram dedicadas aos estudos dentro de um autoritário ambiente familiar.


Tentando escapar desse ambiente ele buscou alguns trabalhos como desenhista fora da empresa do seu pai e é em um desses trabalhos que alguns arquitetos lhe incentivaram a tentar a sorte em Berlim... Mies então busca na vizinhança todos os jornais berlinenses e em 1905, aos 19 anos, sem formação acadêmica regular, mas com grande destreza como desenhista e com uma vontade enorme de começar uma vida longe do autoritarismo paterno ele abandona Aachener e vai trabalhar junto a uma equipe de projeto em Rivdorf, onde não lhe pediram diploma e nem recomendação... apenas lhe pediram alguns desenhos.


Mies conhece Bruno Paul, em Berlim, que outrora foi um defensor do Jugendstil -a versão alemã do Art Nouveau- mas que já havia abandonado o movimento por considera-lo formalista demais e estava trabalhando sob uma tendência que chamava de Schalichkeit, projetando com uma linguagem mais geométrica e uma maior objetividade... e é com Bruno Paul que Mies começa a virar um arquiteto e deixar de ser um desenhista de Aachener.


Kathreiner-Hochhaus em Berlim, Bruno Paul 1928/1930

Passado algum tempo, quando inclusive ele fez um projeto nada miesiano de uma casa em Potsdam, em 1908 ele começa a trabalhar no escritório de Peter Behrens e lá começa sua inimizade íntima com Gropius, que tinha 3 anos mais que Mies e recém havia chegado de uma temporada na Espanha para trabalhar como arquiteto no escritório de Behrens... enquanto Mies ficava com os projetos que serviam para pagar as contas do escritório, Gropius recebia a chance de trabalhar nos projetos mais inovadores do escritório como as encomendas da AEG... e isso não agradava em nada o homem que se chamava Maria.


Primeiro projeto do Mies que tenho conhecimento, casa para o filósofo Alois Riehl em Potsdam - 1906

Até então Ludwig Mies não era ainda o Arquiteto Mies van der Rohe. Em 1912, Mies abre um estudio em Berlim e na mesma época começa um relacionamento com Ada Bruhn, uma jovem fora dos padrões morais da época que morava juntamente com uma dançarina de cabaré e uma estudante de psiquiatria... em abril de 1913 Mies, palavra que em alemão é algo como infeliz, começa um casamento que fez valer o seu sobrenome.



Cara de sério dessas e o homem era Maria...


Ele nunca foi um marido tradicional e várias vezes abandonou a casa só retornando (muitas vezes alcoolizado) após ameaças de suicídio de Ada, que aguentava tudo por estar “casada com um artista”... posteriormente Ada e Mies tiveram três meninas... as quais ele também deixava em segundo plano, mas que em 1915 com o inicio da guerra ele deve ter agradecido à ela já que não foi convocado para o fronte de batalha por ser um pai de família.


Fim do primeiro capítulo... segue quando eu continuar a limpeza nos meus arquivos de professor...