quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Barbadinha da semana... edição Noel [atualizado 2x]

A outra barbadinha da semana valia uma Polar tri gelada... essa vale uma Polar tri gelada e um churrasco gaudério... 


Então, quem sabe o autor dessa obra?


Henrique? Paulo? Ricardo? Fernando? quem vai se arriscar primeiro... tá fácil.


::


Ok, o RIcardo pediu dicas... já que é barbadinha de Natal, lá vão as dicas:


- Todo mundo tem telhado de vidro.
- Talvez ninguém seja refém de suas ideologias, mas muitos são reféns das contas do fim de mês.
- O autor desse projeto já está fumando cubanos com o Mies há algum tempo.


Ficou mais fácil?


::








Queridos amigos... é um projeto do tio Corbu do ano 1920, com a obra terminada em 1927, lembrando que Corbusier escreveu juntamente com o Ozenfant o Manifesto do Purismo em 1918... ou seja, ele já tinha visto A LUZ.


Originalmente construído como Villa Vismara hoje é um hotel cinco estrelas chamado Punta Tragara e segundo um site que fala sobre o hotel Le Corbusier teria escrito o seguinte sobre este projeto:


"...a construção de um refúgio, ancorado em um apoio sólido, onde haviam  grandes rochas. Disso se derivou um trabalho tão forte que o verdadeiro sentido da casa de Tragara é que ela é uma espécie de paixão que lutou com a rocha para fundir-se e fazer parte da paisagem de Capri..."


Claro que o mundo não está perdido, há quem diga que o "seu" Vismara (que por sinal era engenheiro) não respeitou os traços do Charles Edouard... 


Eu acho que o Le Corbusier realmente deve ter feito um projeto para o Vismara, mas este não o executou e com a posterior fama do Corbu em algum momento resolveram se aproveitar da história para deixar essa droga mais atrativa para os turistas... sério, acreditar que o Le Corbusier desenhou esses arquinhos exige mais do que boa vontade... porém até onde se sabe a Fundação Le Corbusier nunca processou o hotel por fazer propaganda enganosa.


E vocês, o que me dizem?


Ah... eu falava sério sobre o churrasco e a Polar tri gelada... quem é o anônimo que acertou primeiro?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

DZ Bank - Frank Gehry


Algumas semanas atrás fiz uma brincadeira aqui no blog com um prédio o Gehry em Berlim. Mostrei uma das fachadas do prédio e provoquei perguntando se alguém sabia quem era o autor de  tão comportado prédio.


Vista desde o Parlamento

Acredito que além do Paulo Varandas e do Ricardo Rossin alguns outros leitores sabiam que a foto era da fachada frontal do DZ Bank... uma obra que externamente não me impressiona e nem me agrada muito, mas que internamente é sensacional... um legítimo Gehry.



O prédio possui duas fachadas e um programa comercial e residencial, a ocupação comercial é a sede do DZ Bank e está voltada para a Pariser Platz e consequentemente para o Portão de Bradenburgo. A parte residencial conta com 39 apartamentos de tamanhos diversos, desde studios até duplex, e está voltada para a Behrenstrasse e para o perturbador memorial dos judeus assassinados projetado pelo Eisenman.


Fachada dos fundos - Parte residencial

As duas fachadas podem ser chamadas de comportadas para os padrões Gehry, a da Pariser mais do que a da Beherenstrasse... o que mostra que o Gehry também sabe respeitar o entorno, ao contrário do que muitos dizem. Inclusive é interessante ver como ele trabalha com alturas diferentes nas duas ruas para poder acompanhar a altura dos vizinhos.



Porém se por fora Gehry soube respeitar a histórica Berlim, por dentro Gehry foi Gehry... um pórtico de vidro marca a entrada do banco e após passar por ele se tem acesso a um grande atrium com dupla cobertura... no nível térreo a área com atendimento ao público e acima disso os escritórios se abrindo para esse grande pátio coberto com uma estrutura metálica em forma de peixe (quem conhece um pouco a obra do Gehry conhece o lado pescador do canadense)... e dentro desse pátio uma enorme e escultórica estrutura abrigando uma sala de conferências.



Para quem ainda não conhece vale a pena ver mais:

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Barbadinha da semana...

Será que alguém sabe quem é o(a) arquiteto(a) desse comportado prédio?
Vale uma Polar tri gelada!!!

domingo, 8 de novembro de 2009

Novo terminal do aeroporto Carrasco :: Uruguai

Há quase dois anos o Gabrielito escreveu um texto sobre um novo terminal, projetado pelo Rafael Viñoly, para o aeroporto de Carrasco em Montevidéu, Uruguai:

Há pouco mais de um mês li uma notícia que o novo terminal estava sendo inaugurado pelo presidente Tabaré Vázquez.

Há duas semanas estava tri faceiro pois havia unido o útil ao agradável, estava indo passar um final de semana em Buenos Aires e havia comprado uma passagem da uruguaia Pluna (88 dólares + taxas) que me exigiria uma parada em Montevidéu, com direito a troca de avião... ou seja, eu teria a oportunidade de conhecer o novo terminal!!!

Mas minhas alegria durou pouco... as obras civis do novo terminal até parecem finalizadas, mas o terminal ainda não está operando... tive que fazer hora no antigo, detonado e atrolhado terminal antigo, mas pelo menos da janelinha do avião pude fazer umas fotos da obra do Rafael Viñoly para o blog.


Em tempo... alguém sabe me dizer se é ano de eleições no Uruguai? Deve ser.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Hungria, sob a sombra do terror (2)

Continuando a postagem anterior sobre a Hungria, o país onde o suco de laranja tem gosto de manga...

O responsável pelo hostel onde ficamos em Budapeste era um norte americano completamente alucinado que sabia onde era Porto Alegre porque gostava muito de um jogo chamado Pirates (alguém conhece?) e Porto Alegre estava no jogo... perto de Montevidéu.
Logo que chegamos ele atenciosamente pegou um desses mapas para turista e rabiscou todo com dicas e lugares para conhecermos e uma das coisas que deveríamos fazer era caminhar pela Champs-Élysées húngara (palavras dele) a Andrássy út, uma de mais ou menos 2,5 km que liga a região central da cidade com o parque Városliget, o maior e mais antigo parque de Budapeste, sendo o ponto de encontro da avenida com o parque a Hösök Tere, ou em bom português a Praça dos Heróis.

Caminhando pela Andrássy entendemos a comparação do americano, a avenida é realmente a mais charmosa de Budapeste. Ali entre as belas casas e edifícios de fins do século XIX e início do século XX estão a sede da Ópera Húngara, as lojas de famosas (e caras) marcas internacionais, embaixadas, bares e restaurantes bacanas... e empreendimentos imobiliários feitos para investidores internacionais, como o Andrássy Palace Gardens.

E foi no número 60 dessa linda avenida em uma mansão que até 1936 era uma residência unifamiliar e que a partir daí o Arrow Cross Party (partido nazista húngaro) gradualmente foi alugando partes da casa até em 1940 tomar posse totalmente e passar a chama-la de Casa da Lealdade.

Enquanto o nacional-socialismo (tem gente que se ofende com a palavra nazismo) esteve no comando os porões da casa da rua Andrássy servia como uma prisão... quando, em 1945, os soviéticos tomam a Hungria a casa passa a ser sede da polícia política comunista e passa a ser conhecida como Terror Hazá (Casa do Terror).

O novo apelido poderia ter sido Quadra do Terror, pois os comunistas interligaram os subsolos de toda a quadra criando um verdadeiro labirinto de celas, salas de interrogatório e salas de tortura.
Os inimigos do Estado eram mantidos em celas mínimas (algumas com 60x50 e não mais do que 1,80 de altura) onde eram privados do sono, torturados de todas as formas imagináveis (e algumas nunca havia imaginado e que prefiro não acreditar)... as mãos e pés eram presas a verdadeiros artefatos medievais, como correntes com bolas de ferro de quase 20kg... Ir ao banheiro ou trocar de roupa era algo privilégio de poucos e a ração diária para cada preso não passava de 500 calorias e era uma fatia de pão e uma pequena caneca com sopa de feijão.

Não sabe ao certo quantas pessoas passaram pelos porões da Andrássy 60, mas por lá falam em milhares.

Em 2002 a casa passou a abrigar um museu e memorial as vítimas de ambos regimes de terror e foi nesse museu chamado de Casa do Terror que eu conheci essa parte da história do povo húngaro e de onde trouxe vasto material escrito sobre o tema.
Para essa postagem não ficar ainda mais cansativa eu deixo para falar especificamente sobre o museu na próxima.

P.S.: Não é usual copiarmos textos de terceiros... nem utilizarmos wikipedia ou outros sites do gênero como fonte (pelo menos principal) de informação ou de imagens. Esse é um blog autoral e inclusive não recomendamos a ninguém com plena saúde mental a utilização dos nossos textos para trabalhos acadêmicos... e como não somos pesquisadores e/ou grandes estudiosos também não garantimos que tudo o que escrevemos está correto... gostamos e agradecemos quando corrigem alguma informação incorreta/incompleta... e pedimos que perguntem sempre que tiverem dúvida sobre a fonte de nossas informações... em um mundo civilizado perguntas valem mais do que falsas afirmações.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Hungria, sob a sombra do terror (1)


O belo parlamento húngaro visto desde o castelo de Buda

Embarquei em Londres sem saber bem o que me esperava em Budapeste... eu não conhecia ninguém que já estivesse estado na capital húngara e até então eu nunca havia estado em um país que viveu sob o regime comunista.
Chegamos já era noite, achamos prudente pegar um táxi no aeroporto para irmos ao hostel.... o idioma húngaro é quase um código secreto... o básico acabei aprendendo: sör é cerveja; köszönöm é obrigado; sör é cerveja; bocsánat é desculpa; sör é cerveja e o resto não importa... se um dia tu pretendes ir até lá anota essas palavras porque saber falar inglês em um país que o suco de laranja tem gosto de suco de manga é algo que vai te ajudar pouco.

Placa qualquer só para praticar o idioma

Se tu estiveres procurando arquitetura contemporânea é melhor ires para Barcelona, mas se estiveres procurando uma cidade cheia de história Budapeste é o lugar.
E é sobre essa história que eu queria escrever... sem grandes detalhes, quem quiser mais informações os livros e o google estão ai pra isso...

Luta e sofrimento fazem parte da história do povo Húngaro... foi um dos primeiros países a ser invadido pela turma de Hitler... quase um quarto da população do país foi assassinada durante os 10 anos que os Nazistas estiveram por lá... e esses só saíram porque foram expulsos pelos Soviets... mas na saídeira destruíram o que conseguiram (pontes, prédios públicos, edifícios de apartamento... vi imagens da cidade destruída que arrepiam)...

Judeus enfileirados pelas ruas de Budapeste

Quando os russos tomaram a Hungria tudo era festa e motivo pra tomar uma sör... os judeus sobreviventes puderam voltar... o que os nazis destruíram eles começaram a reconstruir... mas devagarinho as garras de um regime tão cruel quanto o alemão começou a aparecer... se os nazistas defendiam uma limpeza étnica os comunistas defendiam uma rearranjo social, os campos de concentração viraram campos de trabalho e a SS deu lugar à AVO (a polícia política soviet)

A AVO foi responsável pelo seqüestro e muitas vezes assassinato de quase um terço da população húngara... se com os nazistas tu ia para um campo de concentração por ser Judeu (só estou simplificando, sei que ciganos, homossexuais, poloneses e outros também foram mandados para os campos...) com os soviéticos bastava tu ser contra o regime ou ser "inferior socialmente" que tu ia para um campo de trabalho (ou sumia), independente da tua raça, credo ou time de futebol.

Além disso houve a cortina de ferro... fronteiras fechadas... fim de relações comerciais com países capitalistas... a economia do país entrou em colapso e a população vivia sob a sombra do terror de um regime que colocou uma estrela no centro da bandeira do país, tatuando no nela um dos seus símbolos.

Bandeira tatuada

Em outubro de 1956 mais de 20 mil estudantes fizeram uma manifestação pedindo o fim das atrocidades do regime ditadorial... nessa manifestação apareceu uma bandeira com o seu centro rasgado a faca... não preciso dizer que os comunistas não gostaram do tumulto e abriram fogo contra a multidão inclusive usando tanques de guerra...

O dos muitos monumentos que tem na cidade relacionados a revolucão de 56, presta atenção na bandeira

Diante dessa barbárie os 20 mil viraram 200 mil e rapidamente virou uma revolução. No dia 30 de outubro o governo vigente foge para a Rússia.

O novo regime dissolve (dissolve é uma palavra gentil) a polícia política, liberta prisioneiros, rasga a adesão ao pacto de Varsóvia e pede proteção da ONU. Os Estados Unidos fingem que não é com eles... e Moscou com medo de que esse espírito de revolução se espalhe pelos seus domínios envia centenas de tanques e aviões para um ataque surpresa à Budapeste.

Breve vitória do povo húngaro

Os Húngaros tentam reagir ao novo ataque, mas no dia 10 de novembro os Russos declaram vitória militar e se orgulham de ter assassinado mais de 20 mil pessoas e terem perdido apenas 720 soldados.

Tanques soviets pelas ruas de Budapeste

O regime comunista seguiu matando, torturando e perseguindo os "traidores" até o 1.989. Em 1.991 os russos finalmente abandonam o país e Gorbachev pediu desculpas ao povo húngaro.

Deste 1.991 o país se reestrutura... a adesão à união européia se deu em 2.004... o Euro deve se tornar a moeda oficial nos próximos 5 ou 6 anos... mas as cicatrizes de uma tatuagem tirada com a lâmina de uma faca ainda são visíveis e não parece que os húngaros queiram escondê-las.

Belíssimo monumento em comemoração aos 50 anos da revolução de 56, se alguém souber o autor eu agradeço


Em um próximo post eu vou falar sobre como eu fiquei conhecendo essa batalhada história do país onde o suco de laranja tem gosto de manga.


CONTINUAÇÃO:

Tempos modernos...

Postagem rápida e nada arquitetônica...

Caminhando pelo shopping uns dias atrás e uma senhora com seus 60 e pico caminhava perto de mim de mão dada com um gurizinho... o piá fez uma pergunta qualquer e então ouço a senhora largar essa obra de arte:


"...olha a vó sabe, mas antes quer que tu procure no google..."

Putz!!! Meu avô me mandava procurar no amansa burro!!! Tempos modernos...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Momento Pipoca: Diário Proibido


Belén Fabra, a despudorada Val em "Diário Proibido".
Vamos ser honestos: Quando se faz um filme baseado em um best-seller autobiográfico escrito por uma ninfomaníaca, é virtualmente impossível tapar o sol com a peneira. Se, por algum motivo, a crueza gráfica de uma história dessa natureza precisar ser, digamos, “amenizada” ao transformá-la em filme, é melhor nem fazê-lo. Por outro lado, em se tratando de um enredo com uma riqueza de detalhes como é o caso do livro escrito por Valérie Tasso, sucesso de vendas em diversos países, o outro extremo também não deixa de ser um desafio: Evitar que a obsessão da protagonista pelo sexo banalize o erotismo e acabe por fazer qualquer esforço artístico ir por água abaixo, deixando a produção ao nível daquelas pérolas que costumam passar em vários canais da TV aberta e fechada nas altas horas da madrugada.
Procurando equilibrar essa “balança”, o novato diretor espanhol Christian Molina encarou a bronca e o resultado pode ser conferido em várias salas de cinema no Brasil. Em cartaz de norte a sul do país, “Diário Proibido” (tradução mais “user-friendly” do original “Diário de una Ninfómana”) deixa bem claro o esforço em busca desse equilíbrio delicado, com resultado razoável, a despeito de diversas críticas desfavoráveis e alguns ataques puritanos descabidos.
Val (a deliciosa - e razoavelmente competente - Belén Fabra) leva uma vida de exageros. Na agitada Barcelona, beirando os 30, sem parceiro fixo, diverte-se rotineiramente – e rotativamente - com uma gama de “amigos” de forma insaciável, começando a experimentar os sintomas de um certo vazio sentimental. Registra suas peripécias em um diário e tem como confidente – ainda que de forma seletiva, já que lhe poupa das passagens mais “calientes”, a avó (a veterana Geraldine Chaplin), com quem passa temporadas na França.
Alheia às críticas da amiga e colega de trabalho que funciona como uma espécie de “grilo falante”, depois de demitida pelos constantes atrasos devido a noites extenuantes, os problemas parecem começar a se resolver quando ela conhece, por fim, um homem “pra chamar de seu”: Jaime (o argentino Leonardo Sbaraglia, em atuação curta mas deveras convincente) – Executivo bem-sucedido, boa pinta, cavalheiro, embora não seja lá exatamente um “atleta” entre quatro paredes. Val logo cede aos mimos do apaixonado Jaime e o namoro chega meteoricamente à fase de juntar os trapinhos. Fase esta em que logo o príncipe vira sapo, se revelando possessivo, de humor instável - e imprevisível, e hábitos não muito ortodoxos, incluindo o consumo ocasional de um certo pozinho branco, pra animar.
Desiludida, deprimida à beira do suicídio e endividada após a inevitável separação, e como se a história até ali já não fosse contundente o suficiente, Val resolve corajosamente se engajar numa atividade para a qual muitos diriam que ela nasceu pronta: A prostituição. Em um bordel de luxo, tocado pela cafetina Cristina (Angela Molina, outrora bela, acabada demais para os seus 54 anos), passada uma fase de euforia inicial onde faz o que mais gosta – e ainda é paga por isso, alguns episódios nefastos, inevitáveis na dura rotina de uma garota de programa, irão trazê-la de volta à realidade, quando finalmente fará uma retrospectiva de seus erros e acertos, acabando por concluir que o melhor a fazer é mesmo... ser ela mesma.
E acho que foi aí que muita gente se decepcionou: Ao não fazer qualquer juízo de valor sobre a promiscuidade extrema da fogosa Val – que a fazia feliz, no entanto – limitando-se a documentá-la de forma veemente e com riqueza de detalhes, o filme, segundo resenhas que li, "deixou a desejar". Devem ter sentido falta da derradeira lição de moral tradicional, na linha “o crime não compensa”, presença obrigatória nas produções norte-americanas, o que não é o caso aqui. Em que pese o fato de a ninfomania ser uma compulsão, documentada, com diagnóstico e tratamento previstos na literatura médica – o que é ignorado na história, onde é tratada como um “preconceito” por parte dos homens, a quem caberia, exclusivamente, o direito de “passar o rodo”, sem dever explicações à sociedade, o filme salva-se, em parte pelas atuações competentes do elenco e pela direção dedicada, que passa trabalho para evitar a vulgaridade em meio à massiva presença de fortes cenas de nudez e sexo, com relativo sucesso. E haverá, é claro, quem se delicie com o desfile de Belén Fabra pra lá e pra cá, dona de uma beleza comum, cotidiana (que desfaz o estereótipo da ninfomaníaca “popozuda”), nua ou seminua por, pelo menos, uns 40% dos 95 minutos do filme.
Não custa avisar: É um filme chocante, escolha bem o momento e a companhia. Vi um casalzinho pós-adolescente entrar na sala com a maior pinta de que ele a estava levando ao cinema pela primeira vez – ou seja, naquela fase em que os gostos e os limites ainda são um grande mistério. Na saída, o previsível: ela (que era meio certinha, é verdade, com aquele jeitinho de estudante de direito) completamente passada, e ele no “modo avestruz” (procurando um lugar pra cavar um buraco e enfiar a cabeça).
Isto posto, vale o preço do ingresso. Bom proveito.
P.S.: Ah, claro... a arquitetura! O Momento Pipoca não busca necessariamente alguma correspondência com o tema, vide a descrição do blog ali em cima. Mas, de alguma forma, nesse caso ela está lá, com uma participação especialíssima de Jean Nouvel. O portentoso loft neo-moderno comprado por Jaime para servir de “ninho de amor” ao recém-casal tem vista para o infame “pau preto”. Bem, esse é um dos muitos apelidos que recebeu a Torre Agbar, contribuição “fálica” de Nouvel para o skyline barcelonês, que o Luciano já visitou – e documentou por aqui. Para uma ninfomaníaca... nada mais apropriado e inspirador.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Postal de Arquiteto :: Casa Rietveld-Schröder

Seguindo a séria-série de fotos arquitetônicas, uma imagem da casa Rietveld-Schröder contextualizada na mais do que bela Utrecht...

Como sempre a foto é tirada pelo autor do post e clicando nela vai abrir em uma resolução bacana... e como sempre ela está disponível para todo e qualquer uso e nem precisa pedir autorização para isso... mas se der os devidos créditos ficaremos tri faceiros.

Outros postais da nossa série:

domingo, 27 de setembro de 2009

Telhados de Paris, telhados de Viena..

Telhados de Paris
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
(Nei Lisboa)
...

Telhados de Viena


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Zaha Hadid, quem diria?

Eu nunca fui muito fã da Zaha Hadid, em parte por achar a arquitetura dela mais escultura do que arquitetura... por achar que ela apela para formalismos desnecessários.... ou talvez não goste muito por conhecer pouco, no quase longínquo ano de 1997 (quando eu comecei a minha vida de estudante de arquitetura) não se falava nela pelas salas de aula da PUC, (tardiamente) se falava em Richard Meier, Jean Nouvel, Legorreta...

Passados vários anos eu estive em Londres e por falta de opção fui visitar uma exposição dela e confesso que fiquei impressionado com a quantidade de megaprojetos que ela tinha pelo mundo e sai do London Design Museum conhecendo mais a sua produção e pensando que em poucos anos haveria um monte de obras finalizadas da afilhada arquitetônica do Koolhaas (cara que na teoria manda muito bem, mas que a mim a arquitetura não me convence), mas não sai convencido que o que ela faz é realmente bom... talvez por seguir sem visitar uma obra dela...



Quase dois anos após ver a exposição em Londres estava eu em Viena pensando no que fazer em uma tarde que a chuva insistia em aparecer mais do que o sol... e novamente... não tem tu, vai tu mesmo... peguei o metrô U4 e parei em Spittelau.


Acho que era domingo... a estação estava vazia, as ruas também não tinham muita gente... e logo cruzando a ponte sobre o Danubio e deixando para trás a exótica usina de geração calor através de queima de lixo (outra hora falo sobre ela) eu avistei um pequeno edifício que zigzagueava sobre um antigo viaduto como quem brinca de amarelinha...

Ali estava um conjunto de apartamentos projetado pela iraquiana sobre um tombado (e pouco cuidado) viaduto em arcos projetado pelo Otto Wagner... um projeto interessante que tem os traços característicos dela sem forçar demais, gerando uma relação muito boa com o viaduto -que hoje é um peatonal- que passa sob a edificação...

Olha... fiquei surpreso, a mais linda das arquitetas me impressionou muito positivamente, arquitetura bonita, viável, contextualizada... acho que a próxima vez que visitar algo dela não vai ser por falta de opção em um dia chuvoso.


Como sempre, as figurinhas são de minha autoria e podem ser usadas, copiadas, distribuídas, sem maiores frescuras... produzir conhecimento é um função social.

No site da Zaha diz que sob os arcos existem bares e restaurantes... mas eu não vi isso (confesso que não procurei)... mais informações:

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Momento Pipoca: "O Arquiteto"



Você leu bem: Não é repetição do post anterior. E, sim: Por incrível que pareça, existe um filme com esse nome. E não é tradução besta, o título original é esse mesmo.

Aliás, só um não: uma meia dúzia... há outros com o mesmo nome, segundo o IMDb, porém, à primeira vista, de menor relevância.

Não que The Architect, produção norte-americana de 2006 seja uma obra prima cinematográfica. Está longe disso. Com elenco, cenário (e estereótipos) tipicamente americanos à mão, o diretor Matt Tauber tenta, por vezes, dar ao filme uma roupagem de drama existencial à européia, mas não chega lá. Entretanto, vale pela curiosidade do tema. Mais um "nice guy" na parada.

A história gira em torno do arquiteto Leo Waters (Anthony LaPaglia, celebrizado pelo seriado "Without a Trace"), às voltas com a esposa infeliz (Isabella Rosselini, propositalmente feia e apagada para o personagem), a filha adolescente com os hormônios à flor da pele (Hayden Panettiere, a apetitosa "cheerleader" do seriado "Heroes"), o filho desinteressado pelos estudos e uma líder comunitária que defende a demolição de um de seus projetos, um conjunto habitacional popular num subúrbio de Chicago.

Aliás, essa é a melhor das várias histórias paralelas que o filme conta: Tonya Neely (Viola Davis, indicada ao Oscar esse ano por "Dúvida") aparece um dia em uma das aulas que Waters ministra em uma faculdade de arquitetura - e para onde frequentemente arrasta os entediados filhos que sonha ver também arquitetos, apresentando-lhe um abaixo assinado pedindo a derrubada dos prédios que ele projetou (segundo ela, até Oprah Winfrey já teria assinado). Sustenta que a arquitetura do conjunto deixa as pessoas infelizes e potencializa problemas já sérios da área, como a violência e o tráfico de drogas, e pede que ele(!) também assine, para dar credibilidade ao documento (mais tarde, se saberá que seus motivos são mais íntimos e profundos do que se imaginava). Waters, magnânimo, defende seu projeto, dizendo que os problemas não são culpa dele e que os apartamentos são populares, baratos, etc. Ao longo do filme, o embate se desenrola, e sua defesa apaixonada do projeto, durante a qual até o pobre LeCorbusier é citado, sofre um abalo quando vem à tona que ele nunca esteve no conjunto depois de elaborar o projeto, para ver como as pessoas lá viviam.

Assim, entre dramas existenciais de vários personagens que, vez por outra, irão se cruzar, Waters vai fazendo uma retrospectiva e revendo valores, tanto em casa quanto no trabalho, acabando por fazer uma severa autocrítica.

Como disse anteriormente, o filme não chega a ser uma "pérola", mas vale pela curiosidade do tema. Fica aqui um registro de mais um colega na telona. Se topar com ele zapeando pela programação cada vez pior da TV por assinatura, vale uma parada, pra matar a curiosidade.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Com a palavra... o arquiteto

Campo Grande: Tranquila e arborizada, começa a sofrer com a verticalização.


(Direto de Dourados - MS)

Hoje pela manhã, assistindo um noticiário local na TV, uma reportagem me chamou a atenção, não pelo assunto em si, pois o fenômeno da verticalização acelerada da simpática e arborizada Campo Grande tem ocorrido em várias outras cidades brasileiras, e já não é exclusividade das capitais. Mesmo aqui em Dourados, segunda maior cidade do Mato Grosso do Sul, que já conta quase 200.000 habitantes, alguns edifícios residenciais de porte considerável já começam a surgir. Clique aqui para ver a reportagem.

O que me chamou a atenção mesmo foi que, na reportagem, três arquitetas foram ouvidas, ora como moradoras da cidade, ora representando a prefeitura. O vídeo não mostra, mas se seguiu à reportagem uma interessante entrevista em estúdio com o arquiteto Ângelo Arruda, sobre a questão da verticalização em Campo Grande, onde ele cita também o início do fenômeno também em Dourados e Três Lagoas, outras importantes cidades do estado.

Eu e o Luciano sempre conversamos bastante sobre o distanciamento que o arquiteto sempre teve da grande mídia no Brasil (se por iniciativa da mídia ou falta dela por parte dos arquitetos... a discutir), estando restrita normalmente a programas ou inserções na mídia impressa e digital que tratam mais de interiores e decoração (sem demérito a essas áreas, que fique claro). Salvo honrosas exceções - como o caderno de arquitetura da Folha, por exemplo, é comum ver engenheiros ou outros profissionais dando entrevista sobre assuntos como planejamento urbano, e outros "quadrados" nos quais caberia tipicamente ao arquiteto dar pitaco.

Não sei pra vocês, mas num cenário desses, uma reportagem como essa, seguida de entrevista soa como alívio pra mim, com a certeza de que ainda temos voz.

Enfim... uma passada rápida pra colocar esse assunto na roda por aqui. Parece que nem tudo está perdido.

P.S.: Ângelo Arruda também orbita na blogsfera, tratando principalmente de questões urbanas relacionadas a Campo Grande. Clique aqui para ver o seu blog.

domingo, 6 de setembro de 2009

Postal de Arquiteto - Parlamento Alemão

Retomando a série de postais de arquiteto, Parlamento Alemão do lord Foster.


Como os outros postais... a foto foi tirada por mim, mas fiquem à vontade pra copiar, photoshopar, colar no espelho do banheiro... e nem precisam avisar.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O homem que se chamava Maria...

Aachener é uma pequena cidade no interior da Alemanha, quase na divisa com os Países Baixos e lá foi construída no século VIII, sob encomenda do imperador Carlos Magno, a Capela Palatina, que foi ganhando puxadinhos (como quase todas as igrejas européias) e acabou se tornando a Catedral de Aachener (ou de Aquisgrana), uma mistura de estilos arquitetônicos que segundo a UNESCO faz parte do Patrimônio da Humanidade.


Catedral de Aachener


E foi nessa pequena cidade, no dia 27 de março de 1886, que nasceu um homem chamado Maria Ludwig Michael Mies... conhecido também como Mies van der Rohe ou Mies van der Hero para os mais fanáticos.


Ele era filho de um cantero (cantero é aquele que trabalha com pedra de cantaria) que mantinha uma pequena empresa familiar de mármores na qual Ludwig ocupou seus dias como aprendiz e desenhista, já as noites eram dedicadas aos estudos dentro de um autoritário ambiente familiar.


Tentando escapar desse ambiente ele buscou alguns trabalhos como desenhista fora da empresa do seu pai e é em um desses trabalhos que alguns arquitetos lhe incentivaram a tentar a sorte em Berlim... Mies então busca na vizinhança todos os jornais berlinenses e em 1905, aos 19 anos, sem formação acadêmica regular, mas com grande destreza como desenhista e com uma vontade enorme de começar uma vida longe do autoritarismo paterno ele abandona Aachener e vai trabalhar junto a uma equipe de projeto em Rivdorf, onde não lhe pediram diploma e nem recomendação... apenas lhe pediram alguns desenhos.


Mies conhece Bruno Paul, em Berlim, que outrora foi um defensor do Jugendstil -a versão alemã do Art Nouveau- mas que já havia abandonado o movimento por considera-lo formalista demais e estava trabalhando sob uma tendência que chamava de Schalichkeit, projetando com uma linguagem mais geométrica e uma maior objetividade... e é com Bruno Paul que Mies começa a virar um arquiteto e deixar de ser um desenhista de Aachener.


Kathreiner-Hochhaus em Berlim, Bruno Paul 1928/1930

Passado algum tempo, quando inclusive ele fez um projeto nada miesiano de uma casa em Potsdam, em 1908 ele começa a trabalhar no escritório de Peter Behrens e lá começa sua inimizade íntima com Gropius, que tinha 3 anos mais que Mies e recém havia chegado de uma temporada na Espanha para trabalhar como arquiteto no escritório de Behrens... enquanto Mies ficava com os projetos que serviam para pagar as contas do escritório, Gropius recebia a chance de trabalhar nos projetos mais inovadores do escritório como as encomendas da AEG... e isso não agradava em nada o homem que se chamava Maria.


Primeiro projeto do Mies que tenho conhecimento, casa para o filósofo Alois Riehl em Potsdam - 1906

Até então Ludwig Mies não era ainda o Arquiteto Mies van der Rohe. Em 1912, Mies abre um estudio em Berlim e na mesma época começa um relacionamento com Ada Bruhn, uma jovem fora dos padrões morais da época que morava juntamente com uma dançarina de cabaré e uma estudante de psiquiatria... em abril de 1913 Mies, palavra que em alemão é algo como infeliz, começa um casamento que fez valer o seu sobrenome.



Cara de sério dessas e o homem era Maria...


Ele nunca foi um marido tradicional e várias vezes abandonou a casa só retornando (muitas vezes alcoolizado) após ameaças de suicídio de Ada, que aguentava tudo por estar “casada com um artista”... posteriormente Ada e Mies tiveram três meninas... as quais ele também deixava em segundo plano, mas que em 1915 com o inicio da guerra ele deve ter agradecido à ela já que não foi convocado para o fronte de batalha por ser um pai de família.


Fim do primeiro capítulo... segue quando eu continuar a limpeza nos meus arquivos de professor...