terça-feira, 26 de maio de 2009

Não... eu não morri



Sei que não não deveria ter passado tanto tempo sem escrever, peço desculpas e não vou botar a culpa na falta tempo ou no trabalho (mesmo que este às vezes seja tocado em um ritmo nada saudável)... acho que inconscientemente deixei de escrever para refletir um pouco sobre os rumos que tenho dado para as coisas... e antes que alguém pense que passei por profundas experiências com xamãs enquanto escutava Doors, eu já digo que não.... foi só um tempo para pensar nas coisas... me afastar um pouco para ver o mundo por outro ângulo, sair um pouco de dentro da caixa....

Nessa de sair de dentro da caixa eu já trilhei alguns caminhos, quando guri eu pensava que o mundo era muito complicado para não fazer nada à respeito e na pouca visão dos meus 16 anos eu tentei ser médico... depois de um verão de frustrados vestibulares São Corbusier me iluminou e eu comecei a estudar arquitetura na PUC.RS e descobri que ao invés de ser responsável pela vida de uma pessoa de cada vez eu poderia, como arquiteto, ser responsável e mudar a vida de centenas de pessoas ao mesmo tempo.... e assim romanticamente fui tocando a faculdade...

Recém formado e com o Opera Prima sob o braço eu voltei a Caxias do Sul, minha cidade natal, e comecei a trabalhar para ver se conseguia tocar minha música sozinho.... e depois de diversas experiências profissionais eu me dei conta que faltava algo... não tinha tanta graça quanto parecia que teria... então há mais ou menos um ano eu quebrei o meu cofrinho e comecei a construção de um pequeno conjunto de casas geminadas com o objetivo de vende-las (sim, digam que passei para o lado negro da força).
Fiz tudo: escolhi o terreno, desenvolvi um conceito, fiz o projeto arquitetônico, fiz parte dos projetos complementares, contratei e gerenciei a mão de obra, comprei material de construção, produzi o material de venda, atendi in loco os interessados, faço as vendas e bobeia vou ajudar os compradores com a mudança.... fiz questão de participar diretamente de todo o processo e não abri mão, mesmo reduzindo a margem de lucro, de contribuir com a minha arquitetura para tornar a vida das pessoas um pouco melhor e a cidade mais bonita... uma arquitetura distinta da mesmice que vemos por aí, um pouco mais abstrata em alguns aspectos, mas que confesso ainda achar um pouco tímida, creio que o próximo conjunto deva ter um grau de maturidade e de acerto maior que este.

Ainda assim fiquei tri satisfeito com o resultado, uma obra para classe média com qualidade superior e soluções construtivas e de projeto que raramente são encontradas em imóveis deste valor como por exemplo o uso de clarabóias, a ventilação cruzada, o reaproveitamento dos entulhos, uso de madeira certificada e/ou de reflorestamento...
Buenas, feito o mea culpa, explicada a inexplicável ausência e publicado esse longo post sobre a minha ultima cria... fica o meu até logo, sexta eu embarco novamente rumo ao velho mundo e prometo trazer um monte de figurinhas novas pra vocês... se tudo der certo vou visitar alguns clássicos que ainda não tive oportunidade como a vila Savoye, a casa Rietveld, a vila Tugendhat, a sede do Partido Comunista Francês e outras empoeiradas obras.... além de visitar a obra de alguns arquitetos/escritórios interessantes como VMX, Shigeru Ban, Koolhaas, MVRDV, Gehry, Zaha, Miralles... aguardem e torçam para a gripe do porco não me pegar no caminho...