terça-feira, 25 de setembro de 2007

Certo que alguém sabe me explicar...

Meus últimos dois posts foram sobre o Marcio Kogan e sobre o ateliê Triptyque, ambos com uma produção bacana... Kogan já dispensa maiores apresentações, o pessoal do Triptyque está nos primeiros degraus de um caminho que tudo indica que ainda ouviremos falar muito neles... Porém tem um recente ponto em comum entre o Kogan e o Triptyque, a loja MiCasa. O projeto original da casa é da Carolina Bueno e dos seus amigos... projeto legal, publicado e republicado, premiado na Bienal de São Paulo... porém recentemente a MiCasa inaugurou o que eles chamam de VOLUME B, uma caixa de concreto com um rasgo horizontal na base que abriga principalmente os produtos da Vitra...

O anexo Vol. B ficou bacana, arquitetura legal... mas o que eu queria entender é por que não chamaram novamente o pessoal do Triptyque para fazer o novo projeto? Por que deram pro Kogan?

Certo que alguém sabe porque isso aconteceu...

*Primeira imagem, a caixinha de concreto do Kogan e o prédio original com pele de vidro do Triptyque.... na outra a caixinha em destaque.

**A caixinha é bacana, mas ela não conversa em nada com o projeto original... ou será impressão minha?


Olhando para o nosso quintal... (2) - Triptyque

Seguindo a série...


Em 2001 a arquiteta brasileira Carolina Bueno importou alguns franceses que conheceu na Escola de Arquitetura em Paris e com eles formou o ateliê Triptyque.

Com uma arquitetura bacana e moderninha eles têm mudado a paisagem paulistana, como já se viu na loja MiCasa (menção honrosa na 6a. Bienal de SP) e na nova agência Loducca e se prevê no über ecológico Harmonia 57.


Vai lá, visita o site dos caras:
http://www.triptyque.com/

Visual bacana, forçaram uma imagem de estrutura de diretórios em servidor... e abusam da barra de rolagem horizontal do navegador.

*Primeira imagem, Loja MiCasa... a outra, Loducca na Rua Colômbia.

sábado, 22 de setembro de 2007

Site do Dia (24) - The CoolHunter

Daniel Libeskind - Anexo ao Royal Ontario Museum, Toronto

Afinal de contas, o que é "cool" hoje em dia? boa parte das respostas podem ser encontradas no site "The CoolHunter" que, entre suas várias e interessantíssimas seções, inclui uma de arquitetura, onde tem publicado um bom recorte daquilo que de melhor se tem feito pelo mundo afora. Dentre os muitos bons projetos, destaquei essa impressionante imagem "à la Blade Runner" do recém inaugurado anexo ao Royal Ontario Museum, em Toronto, Canadá, de autoria de Daniel Libeskind.

Além da seção de arquitetura, não deixe de visitar as de design, gastronomia, livros, arte, moda... pois nem só de CAD é feita a vida.

vá lá e exercite seu inglês: http://www.thecoolhunter.net

p.s.: agradecimentos especiais à Alice pela dica do site.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O Fazedor de Sonhos

Plaza Juarez, Cidade do México

Antes, um pequeno parênteses: O Blog tem uma espécie de "lei não-escrita", segundo a qual evitamos o acúmulo de postagens em uma mesma data. Gostamos de deixar os assuntos sedimentarem e amadurecerem, ler e responder - sempre que possível - os comentários dos leitores é, no fim das contas, o que mais diverte nessa forma de comunicação simples e tão emblemática dessa revolução na comunicação que experimentamos.

No entanto, peço licença para recomendar, a ótima reportagem sobre Ricardo Legorreta na revista "Veja" desta semana (19/09). E o faço porque as inserções sobre arquitetura na mídia "leiga" de nosso país são tão raras que se tornam dignas de tais menções. O mexicano, já do alto dos seus 76 anos, conseguiu espalhar pelo mundo uma arquitetura repleta de cor e luz, e que traz em sua essência uma inspiração forte na cultura e nos valores do seu país. O texto é bem escrito e traz detalhes interessantes da biografia do arquiteto, nem sempre abordados pelas publicações especializadas.

Assim, esqueça que a revista traz na capa um dos episódios mais sórdidos da história democrática do Brasil e vá direto à página 130. Vale a pena.

Olhando para o nosso quintal... (1) - Marcio Kogan

Neste blog já olhamos para muitos lugares... para a Argentina, Chile, Estados Unidos, Japão, China, Austria... e um pouquinho olhamos também para o nosso quintal... com algumas menções ao trabalho do Isay Weinfeld (chamado pelo Gabriel de "queridinho do blog"), ao Paulo Mendes da Rocha e ao Niemeyer.


Porém acho que para um blog feito em um país com tanta diversidade arquitetônica e cultural andamos olhando mais para o resto do mundo do que para dentro do país, então inauguro neste post mais uma séria série: Olhando para o nosso quintal... onde pretendo, com a ajuda do Gabriel e aceitando sugestões dos 2,5 leitores por dia que o blog recebe, colocar na roda o que tem de bom sendo feito no Brasil.

Começo essa série com o espetacular trabalho do Arquiteto Marcio Kogan.

Kogan é formado pela Mackenzie em 1976 e desde então demonstra que o Arquiteto pode (e talvez deva) fazer incursões por outras áreas que não a das edificações... Kogan desenha mobiliário, faz cenografias, brinca com o cinema, bola mirabolantes e divertidas exposições satirizando a realidade brasileira e além disso faz Arquitetura como poucos.

Com seus trabalhos exaustivamente publicados e premiados Kogan é autor de uma arquitetura repleta de brasilidades fazendo uma releitura dos tempos dourados do modernismo com muita competência e com belos traços de inovação.

Vai lá, visita o site do cara... parece complicado, mas não é tanto... ele é uma fita contínua onde colocando a seta do mouse nas suas extremidades a fita corre e deixando a seta acima da fita ela para... então basta clicar no projeto que se quer conhecer e usar o mesmo processo... se te perderes, olha o S.O.S que tem no próprio site, que diga-se de passagem é divertido e irreverente como pouco se vê no universo arquitetônico.

Não deixe de ver a Casa BR, uma das minhas favoritas.

http://www.marciokogan.com.br/



*Acima imagens da Casa Du Plessis, multipremiada, inclusive com o Prêmio Record Houses 2004.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Imperdível... (1)

Em uma recente conversa de boteco nos perguntávamos se a Google ainda vai dominar o mundo (conversa de boteco...) é incrível a sua capacidade de renovação e a sua criatividade em possibilitar novos serviços na internet.

Começou com um buscador que se tornou referência, não sabe o que é? joga no Google... do buscador passou para uma série de outros serviços: email gigante, rede de relacionamentos, pacote de escritório online, mapas de quase o mundo todo, fotos de satélite que antes eram privilégio de poucos, serviços de blog, etc... etc... etc... etc... etc... e não parece que não há um fim próximo nessa evolução.

E uma das coisas mais fantásticas nisso tudo é que basicamente tudo é de graça!!! O modo Google de encarar o mundo é uma grande sacada em tempos que vivemos tão saturados de gente querendo nos vender à toda hora, qualquer coisa... tempos em que todos parecem mais preocupados em antes ganhar do que oferecer.

A boa notícia é que há mais iniciativas como as que a Google promove na internet e uma recente descoberta foi uma fantástica revista de arquitetura digital totalmente gratuita.

Iniciativa do arquiteto português Fernando Guerra, a últimasmag é uma publicação bilingue de quase 90 páginas desenhada especificamente para a internet, mas com formato de revista física, com direito ao barulho de folha virando (ok, o barulho era dispensável) e excelente navegabilidade.

O primeiro número é dedicado à Adega Mayor, do também português Álvaro Siza, e é impossível não ficar encantado com a qualidade do trabalho realizado, fotos belíssimas, textos impecáveis, material gráfico completo... qualidade que poucas publicações físicas apresentam atualmente.

Imperdível!!! Além de poder ser vista online é possível fazer o download da publicação (pouco menos de 18 MB) em versão PC, em breve haverá versão MAC também... vai lá, não é sempre que nos oferecem um bom almoço de graça nesse mundo capitalista.

Site da revista: http://www.ultimasreportagens.com/mag/entrada.html

Site do arq. Fernando Guerra: http://www.fernandoguerra.com/

Site ultimas reportagens: http://www.ultimasreportagens.com/ - também mantido pelo arq. Fernando Guerra, é uma incrível biblioteca online da arquitetura contemporânea portuguesa.


*Acima capa do primeiro exemplar da revista.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Olhando para o outro lado do mundo (5) - e ficando preocupado...

Shangai, sem Photoshop, envolta em seu habitual manto de poluição...

...E, do Japão, passemos à China, esse gigante que fascina e assusta, enquanto tentamos assimilar a dimensão e a velocidade com que as coisas acontecem por lá. Vez por outra, nos chegam de lá grandes feitos dos craques da bola da arquitetura contemporânea, embora, ao rés do chão, o buraco seja bem mais embaixo.

Para ajudar a entender como funcionam as coisas, do ponto de vista da arquitetura e do urbanismo, num país catapultado sem escalas (leia-se movimento moderno) da nulidade ao século XXI, recomendo, então, a leitura do ótimo - e assustador - texto de Fernando Serapião na última edição do ArcoWeb, relatando sua experiência em Shangai, coração econômico da China. Preparemo-nos todos, pois, seja lá onde isso tudo for parar... certamente respingará em todo o mundo:

http://www.arcoweb.com.br/debate/debate103.asp


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Subindo na mesa...

No início da década de 90 (ou teria sido no final da de 80?) lembro de ter saído do cinema emocionado com o filme Sociedade dos Poetas Mortos, onde Robin Willians interpreta John Keating, um novato e visionário professor de literatura da conservadora Walden Academy.

Keating conquista seus alunos tentando ensinar-lhes o que ele crê ser o mais importante: pensar por si próprio e reconhecer e desenvolver suas próprias habilidades, dentro dos limites e particularidades de cada um.

Nessa tentativa de fazer que os jovens alunos compreendam que o mundo deve ser visto com o coração mais do que com a lógica, ele pede que os alunos subam nas mesas para mostrar que nem sempre nosso ângulo de visão é o melhor.... dependendo da perspectiva, tudo pode ser muito diferente.

Um par de anos atrás (quiçá um pouco mais) em uma passagem por Buenos Aires me deparei com uma belíssima exposição de fotografias em plena Plaza San Martin... A exposição se chamava La tierra vista desde el cielo, dezenas de fotografias realizadas pelo genial Yann Arthus-Bertrand, fotógrafo francês que em 1994 começou uma maratona por mais de 100 países, onde realizou mais de 500.000 fotos não de cima de uma mesa, mas em balões, helicópteros e pequenos aviões... tudo pelo projeto chamado Earth from Above.

Bertrand também acredita que vale olharmos o mundo por outros ângulos... as coisas podem ser mais belas, novos problemas podem ser vistos e outros podem ser resolvidos mais facilmente quando mudamos o ponto do observador.

Seja menos cartesiano-newtoniano, não deixe de ver a vida por outros ângulos... a realidade nem sempre é o que os nossos olhos captam em um primeiro olhar.

Imperdível site do Yan Arthus-Bertrand, que além de um baita fotógrafo é o criador da ONG GoodPlanet, dedicada ao desenvolvimento sustentável do planeta.

http://www.yannarthusbertrand.com/index_new.htm

http://www.goodplanet.org/


* A primeira imagem é o Guggenheim de Bilbao visto de cima e a segunda é o detalhe de um prédio de apartamentos em São Paulo, ambas fazem parte do projeto Earth from Above.

sábado, 1 de setembro de 2007

Luz, pedra, poesia... Louis I. Kahn

"Não se converte em filósofo quem lê filosofia, se converte em filósofo quem nasce capaz de pensar"

Com essa frase o Arquiteto Louis Kahn reforçava a idéia de que a Arquitetura que ele fazia era proveniente do que estava dentro dele e muitas vezes resultado dos seus sentimentos e crenças.

Kahn (que infelizmente na minha Corbusiana-Wrightiana faculdade de arquitetura ficou em segundo plano) foi um Arquiteto completo... projetou com criatividade e ousadia, teve a oportunidade de projetar uma cidade - a nova capital legislativa do Paquistão, nas proximidades de Dhaka (que poucos sabem, mas ele foi a terceira opção... Corbusier estava entretido com Chandigarh e Aalto estava muito doente, devido aos problemas que o excesso de bebida havia lhe causado) - deixou muitos textos que poeticamente explicavam sua arquitetura e ainda teve tempo de ter três famílias.

A primeira com sua esposa Esther, com quem teve Sue Ann, a única filha "oficial" do arquiteto.
Esther era uma jovem estudante de física e para ela Kahn prometeu, aos 29 anos, que nunca mais esconderia as cicatrizes do rosto - cicatrizes que ele tinha desde criança, devido a um acidente doméstico, e que ele tinha como hábito cobrir com as mãos em momentos de timidez.

A segunda foi com Anne Tyng, sua sócia no escritório... com quem ele teve Alexandra, a primeira filha fora do casamento... e por fim Harriet Pattison, também arquiteta e que foi colaboradora nos projetos do Museu Kimbell, uma das obras primas de Kahn, com Harriet ele teve Nathaniel seu terceiro filho... segundo fora do casamento e reconhecido apenas após sua morte.

Kahn era um adepto dos materiais encontrados na natureza (pedra, barro, madeira...), cito um pequeno trecho -com livre tradução- de um aula inaugural proferida por ele:

Para expressar-se é necessário movimento, e quando você quer dar algum valor ao seu movimento, você deve consultar a natureza.

E é desta consulta que o projeto nasce.


Se você pensa no tijolo, por exemplo. Você diz para o tijolo "O que você quer ser, tijolo?" E o tijolo responde "Eu gostaria de ser um arco."

E você diz para o tijolo "Veja, arcos são caros e seria mais fácil eu usar concreto armado, o que você pensa disso, tijolo?" E o tijolo simplesmente responde, "Eu ainda gostaria de ser um arco".

E quem sou eu para contrariar a natureza?

Em 1974, aos 73 anos de idade, ao regressar de uma viagem à Índia ele esperava o seu trem na estação Pensilvânia e morreu de um súbito (e para alguns inexplicável) ataque cardíaco.

Morria ali um inovador Arquiteto, imigrante judeu do antigo império Russo, que quando jovem tocava piano nos cinemas para ajudar com dinheiro em casa e que soube como poucos fazer poesia com pedras, barro e luz.

As imagens deste texto foram retiradas do lindo e comovente documentário My Architect, realizado pelo seu filho (ilegítimo) Nathaniel, que mostra um filho que pouco conheceu seu pai... buscando conhecê-lo através de sua Arquitetura, através da espinha dorsal de sua vida. Em um próximo texto eu falo mais sobre este documentário.