terça-feira, 25 de março de 2008

Causos arquitetônicos (2)* - Fallingwater house

Quem acompanha o blog a mais tempo sabe da nossa mania de sérias-séries... começamos mais uma, sem nunca haver terminado as outras...


A nova séria-série vai ser sobre causos** e estórias do mundo do esquadro e da lapiseira...

Devo ser o pavor dos professores de história da faculdade onde dou aula, porque não dou aula de história, mas adoro contar para os alunos as fofocas arquitetônicas.... assim eles percebem que os ícones da arquitetura são gente como a gente e também podem ser homossexuais, alcoólatras, depressivos-suicidas e assim por adiante... depois vão os alunos cobrar dos professores de história as porcarias que eu ensino pra eles...

Mas não é de fofocas sórdidas que é para viver a séria-série, mas sim de coisas do cotidiano e particularidades que ocorrem ou ocorreram com os Arquitetos de primeira grandeza, claro que se por ventura tivermos que falar que uma famosa cadeira recebeu o nome de um colega de profissão como gesto de carinho após um final de semana romântico.... não vamos sonegar essa informação....

*Já partimos do episódio 2, porque o episódio 1 é a inspiração para essa séria-série e não é de minha autoria, mas sim do Fernando Lara no seu baita blog Parede de Meia.... vão lá e aproveitem o primeiro episódio da série:

http://parededemeia.blogspot.com/2008/03/o-mundo-em-perspectiva.html

(Fernando, desculpa não ter pedido permissão... mas o que é bom é para ser divulgado)


Depois da primeira história contada pelo Fernando, do Ghery e da 1,5 também contada por ele, do Éolo... eu conto a segunda...

Fazia algum tempo que o Frank Lloyd Wright estava numa M# tremenda... totalmente sem clientes e vivendo da anuidade de US$ 650,00 de cada um dos seus pupilos em Taliesin (grande sacada da Olgivanna, sua terceira esposa... mas assunto para outro dia) quando recebeu a encomenda de uma casa de final de semana para o pai de um de seus pupilos, que há muito já estudava com FLW, Edgard J. Kaufmann...

Frank foi visitar o terreno juntamente com alguns dos seus aprendizes.... fizeram o levantamento do terreno todo, árvore por árvore... pedra por pedra... e voltaram para Taliesin....
Passados 3 meses telefona o sr. Kaufmann dizendo que estava cerca de 140 milhas de Taliesin e que gostaria de ver o projeto, Frank lhe responde que não há problemas....


Porém nesses 3 meses FLW nunca tocou no projeto.... então ele diz "140 milhas... mais ou menos 4 horas..." senta-se na sua mesa e começa a desenhar.... primeiro a planta do térreno, depois a planta do segundo piso... uma pausa para pedir total silêncio no ateliê.... um corte.... e por fim uma grande fachada e um croqui perspectivo....

Ele ainda finalizava os desenhos quando a secretaria chega e avisa que o sr. Kaufmann havia chegado.... então Frank enrola os desenhos, os coloca na prateleira junto com alguns outros desenhos mais antigos e vai buscar o cliente para ver as plantas que ele tira da prateleira olhando nos olhos do sr. Kauffman e dizendo "há muito lhe esperavámos..."

É... reza a lenda que a famosa Casa da Cascata foi projetada em menos de 4 horas.

Essa história é contada no documentário que eu cito no post anterior, por um então interno de Taliesin na época do projeto.

** Minha já falecida avó Irene Lerner gostava muito da palavra causo para essas historietas...

5 comentários:

  1. Legal... mas aposto que nos 3 meses anteriores FLW tinha passado horas matutando sobre o projeto, mesmo sem riscar nada... hehehe
    Gosto muito do blog de vocês, abraços.
    Felipe

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  2. Luciano,
    so hoje tive um tempinho para ler seu blog. Obrigado pela citacao. Gostei tanto que tenho uma proposta: que tal a gente comecar uma serie de "causos" nos dois blogs? Minha mineiridade reprimida vai ficar contente.
    Abracos,
    Fernando

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  3. Uia! o véio Frank era ninja mesmo... e essa casa... sem comentários. E tem um poster daquele rabisco a mão dela, na sala lá de casa.

    Abraço!

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  4. ô fernando... sou mais do que parceiro para seguirmos juntos essa séria-série, vai ser um honra fazer essa tabelinha contigo!!!

    qual a tua idéia para fazermos essa tabelinha?

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  5. felipe... eu aposto junto contigo e certo que nós ganhamos!!! ele pode não ter pego no lápis, mas certo que já havia pensado em várias soluções...

    mas ainda assim, sabemos que um monte de problemas surge na passada da idéia para a realidade técnica que o papel pede... ainda mais nessa casa que tem soluções arquitetônicas impares!!!

    obrigado pelas visitas e pelo comentário, é muito bom pra gente que dedica um tempinho a escrever saber que alguém nos dedica algum tempo lendo.

    abraço

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