segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Causos arquitetônicos... (5) - Ronchamp


Poucos dias atrás comprei um livro muito interessante e de fácil leitura, Mãos de Le Corbusier, escrito por André Wogenscky, editora Martins Fontes.

Wogenscky foi um dos principais colaboradores do Corbu no seu ateliê da rua de Sèvres, trabalhou com o ele durante cerca de 20 anos e posteriormente foi diretor da Fundação Le Corbusier. O livro é um apanhado de pequenos textos que registram a sua vivência com o célebre Arquiteto franco-suiço.

E um dos textos é sobre a franqueza, Wogenscky conta que os monges dominicanos pediram que Corbusier projetasse uma capela no alto da última colina ao sul dos Vosges, em Ronchamp, onde séculos atrás havia uma capela de peregrinação, demolida na II Grande Guerra. Porém Le Corbusier recusou-se a fazer o projeto... recusou-se porque não era católico, dizia não saber se Deus existia e, não sabendo, era mais honesto dizer "não sei".

A resposta dele foi: "Não, não tenho o direito de construir uma igreja, uma capela católica; não sou católico, é preciso contratar um arquiteto católico."

Porém os cléricos não aceitaram o não e o padre Couturier foi almoçar na casa do Corbu e diante de uma nova negativa o padre lhe disse: "Le Corbusier, pouco me importa que você não seja católico. Precisamos de um grande artista, e a intensidade estética, a beleza que você fará que seja experimentada pelos que forem à capela permitirá aos que têm fé encontrar o que procuram. Haverá uma convergência da arte com a espiritualidade, e você atingirá muito melhor o nosso objetivo do que se procurássemos um arquiteto católico: ele se sentiria obrigado a fazer uma cópia das igrejas antigas"

Corbusier pensou alguns instantes e (felizmente?) aceitou o trabalho...


Essa é a romântica versão do amigo e colaborador do Corbu, mas eu gosto bem mais da versão levantanda pelo arq. Fábio Müller em texto publicado no portal Vitruvius em 2005...

"Corbusier não aceitara projetar Ronchamp, num primeiro momento, ainda magoado com os ataques sofridos e pelo tratamento recebido por parte das autoridades eclesiásticas, na ocasião do projeto para Sainte-Baume. "

passa lá e confere na íntegra
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq058/arq058_01.asp


Um comentário:

  1. Eu também fico com a segundo história... e dequalquer jeito agente agradece por ele ter aceitado!!!
    Quanto aos guías, estao muito bem feitinhos... apesar de minhas críticas a algumas formas que ve a cidade... Clarín está sempre tentando divulgar a Arquitetura, e tem esse caráter cultural bem forte. Um beijo

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