terça-feira, 21 de outubro de 2008

Traço de Arquiteto - Mies


Na falta de inspiração e tempo para escrever textos com algum conteúdo... começo mais uma séria-série: Traço de Arquiteto.

Cansei de ouvir alunos e pessoas que pensam em estudar arquitetura dizendo que arquiteto TEM que desenhar bem... bobagem!!! Conheço profissionais que são bons desenhistas... e outros que são bons arquitetos e aqueles que além de serem bons arquitetos, também são bons desenhistas...

mies van der rohe sketch tugendhat houseDesenhar é uma forma básica de comunicação, um croqui é a maneira rápida e eficaz de colocar as idéias no papel, seja na concepção do projeto, seja na reunião com o cliente ou seja no canteiro de obras... mas isso não significa que o desenho tenha que ser bonito, perfeito... ele apenas precisa comunicar.

Para começar a série, um croqui do Mies van der Hero, ops.. Rohe... da casa Tugendhat, que para mim é a mais bonita projetada por ele... clicando no croqui ele amplia.

E para aqueles que estão começando e não são da minha empoeirada geração de canetas nanquim, graxa de sapato e lapiseiras de diversos calibres... e pensam que o computador é a solução de todos os males e que aquele professor que exige os desenhos à mão é um puta chato... olha, desenhar à mão é básico para o lançamento de qualquer projeto, o computador pode ajudar depois, mas pra mim o lançamento é na munheca mesmo...

E os leitores, o que pensam disso? Quanto de grafite e quanto de mouse tem nos seus projetos?

:::::::: ATUALIZAÇÃO DO POST :::::::::

Coincidências desse mundo de blogs... descobri sem querer que o Paulo Varandas, no seu blog Arquitetar, começou semana passada uma série de posts com croquis... como eu me conheço, acho que vale a pena acompanhar a série do Paulo, porque a minha daqui a pouco é descontinuada sem aviso prévio...

Passem lá que o Arquitetar está começando a engrossar o caldo da informação livre sobre arquitetura e afins: http://paulohvarandas.blogspot.com

7 comentários:

  1. Eu não consigo começar no computador. Só começo por ele se for pra imprimir o terreno da intervenção...rs...mas depois vai na mão mesmo.
    Mas também não posso omitir que uso muioto o computador, fica meio que lá e cá, um pouco na mão, um pouco no ordenador...

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  2. Entendo o computador, assim como a lapiseira e o manteiga, como ferramentas projetuais. Uma não tira as vantagens da outra. Todos os meus professores insistem no início do projeto através da munheca. Masssssss....
    Apesar de gostar (isso não significa desenhar bem), tenho começado meus últimos projetos através do computador.
    Não sei se vou ser crucificado, mas também aprendi com estes mesmos professores, que o "papel aceita tudo". Exatamente. Seu croqui, por mais proporcional que seja, mente para você. Você 99% das vezes vai errar, mesmo que por pouco a proporção das coisas. O 3d não. Dimensão é dimensão, mesmo que aproximada, além de não errar a perspectiva... É claro que não vou ser ingênuo de afirmar que se você for dominado pelo software ao invés de dominá-lo, ele se tornará um limitador. Mas é isso... opinião dada... Provavelmente vou montar um post no dOOb sobre isso...hahahaha vai dar caldo!

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  3. Thiago, não vai ser crucificado, pelo menos não por mim... eu tive um professor que dizia mais ou menos o que tu estás dizendo, o computador é uma lapiseira um pouco mais esperta... e acho que cada um desenvolve os seus projetos da maneira que achar mais produtiva e que sente que rende mais.
    E há muitissimas formas de se começar um projeto, nem falamos naqueles que usam maquetes de estudo desde o início...
    Entendo o que tu queres dizer com "o papel aceita tudo", mas complemento dizendo que às vezes o computador aceita muito pouco... ainda acho que a velocidade de expressão com papel e lapiseira é muito maior, mas é opinião pessoal, e não acho que os croquis iniciais devam ser precisos, antes pelo contrário... os croquis iniciais bacanas são aqueles que forçam e exageram a intenção do arquiteto... e agora só pra apimentar um pouco, será que o sketchup veio para facilitar a vida do aluno ou para engessá-lo desde cedo?

    Ricardo, eu vou do mesmo jeito que tu... começa na mão e depois entra o computador para dar uma precisão necessária e então andam os dois juntos, grafite e mouse...

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  4. Bernard Tschumi estudou algo muito interessante sobre o processo projetual dessa geração atual que usa mais o computador e, no que ele diz, ao você usar um tipo de ferramenta digital como o cad, obviamente suas sinapses e insights passam por caminhos diferentes do seu cérebro e isso influencia sua obra de alguma maneira.

    Não sei muito bem quanto a isso, ou se realmente meus projetos seriam tão diferentes do que são agora se eu fizesse por outros meios, mas meu atual pa, por exemplo, seria de um calculo angular inviável se eu estudasse arquitetura nos anos oitenta.

    Acho que o mais importante que deve ser dito é isso: independente do meio que você use para criar, esse meio não pode te engessar de forma alguma, portanto se você é um adepto do Sketchup (como é meu caso), certifique-se que tudo que você imaginar e pensar possa ser transpassado para a linguagem desse programa porque, se não for dessa forma, alguma energia está se perdendo no caminho, se transformando em calor ao invés de luz.

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  5. Eh... é um poeta esse cara mesmo!
    Hahahaha...
    Exatamente o que eu iria dizer! Você só pode tomar os caminhos digitais, se sua habilidade permitir vc criar o que pensar...
    Agora provocando:
    Sendo assim, um estudante de arquitetura, que não saiba transpor seus pensamentos para o papel(que tenha uma séria dificuldade em perspectiva por exemplo), através da lapiseira está também sendo engessado... Certo?

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  6. Henrique, realmente... energia se transformando em calor ao invés de luz foi uma obra prima, vou usar com os meus alunos heheheh...

    Thiago, respondendo a tua provocação... o desenho é uma habilidade nata, qualquer criança sabe se expressar desenhando.

    É importante tu não confundires um desenho que objetiva passar rapidamente as idéias para o papel e com isso ir arredondando o projeto que depois pode ganhar a forma de apresentação final que for... com o desenho que objetiva apresentação final.

    Ou seja, ainda acho que no processo inicial o mouse engessa e a lapiseira não... mas é opinião pessoal...

    E finalizando, foi exatamente para mostrar que não precisa grande habilidade para o desenho que eu coloquei esse croqui tosco do Mies.

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  7. Infelizmente, o computador vai matar a lapiseira. Vai demorar, mas vai. Quando o último "old school" for pra cova, é game over. Até porque as próprias faculdades já estão "aceitando" (incentivando ainda é uma palavra meio forte) que ela seja relegada a segundo plano.

    Nada substitui o rabisco. O computador é uma ferramenta fenomenal que multiplicou a produtividade do arquiteto, mas a munheca ainda é a melhor maneira de começar. Do ponto de vista do desenho técnico, o computador nada de braçada, pois montar um projeto nele pode demorar o mesmo que fazê-lo à mão, mas editar os desenhos deve demorar menos de 1/4 do tempo. Em termos de concepção, nada substitui o rabisco.

    Quanto à habilidade dos cabeções com a lapiseira, há várias formas de se ver. Há pessoas que consideram Oscar Niemeyer um mau desenhista. Eu, que já vi ele rabiscando na minha frente, invejo a expressividade de seus poucos e tortos traços, aquela velha caneta Pilot preta que não sai do papel, dança, dá voltas e imediatamente expressa tanta coisa, de forma desconcertante. Quisera eu dizer tanto com tão pouco.

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