segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ainda Niemeyer: sede do Partido Comunista Francês e outras milongas

Semana passada postei um texto sobre os polêmicos (e mal desenvolvidos) projetos da fase terceira idade do Niemeyer estarem se sobrepondo a toda uma trajetória que garante seu nome na história da arquitetura moderna.

Infelizmente o assunto parece não ter despertado o interesse dos amigos que às vezes lêem o blog e uma postagem que poderia ter gerado um bom debate acabou ficando ali... empoeirada... mas durante o final de semana um antigo texto do blog que cita o desejo do Chico Buarque morar em uma casa projetada pelo Oscar (desejo que ficou registrado no DVD do Niemeyer e que anteriormente esteve publicado no livro “Poemas, testemunhos, cartas”, publicado no ano 2000) ganhou um comentário que poderia muito bem estar nessa minha postagem da semana passada, quem assina o comentário é o Jorge:

"Acho que Chico nunca experimentou na sua real intensidade a vivência e o desconforto de morar numa das esculturas de Oscar. esculturas sim, projetos de arquitetura jamais!" :: http://arquis.blogspot.com/2007/05/chico-buarque-pink-floyd-fernando.html ::

É... o eu que posso dizer? Não sei se o Jorge é arquiteto ou estudante de arquitetura... possivelmente não seja, o que torna a questão ainda mais triste... será que vendo mais algumas imagens da boa e velha obra do Niemeyer nos seus bons tempos... ele ainda não vai ver arquitetura?

Abaixo mais algumas fotos que tirei da sede do Partido Comunista Francês em Paris, projetado pelo Niemeyer em 1.966.








Aproveito e convido novamente os amigos a lerem a postagem original, que também trás outras imagens da sede do PCF:

P.S.: Para ficar claro, eu respeito -e muito- a opinião do leitor Jorge, estou reproduzindo ela neste post apenas para trazer a tona o debate, já que ele comentou em um texto que já esta pra lá de esquecido.

9 comentários:

  1. Personalmente, me agrada mucho la arquitectura de Niemeyer, creo que es atractiva, simple, contundente y entrañablemente perdurable...cualidades, que dificilmente se encuentran en la arquitectura de hoy.
    Cuando veo los nuevos proyectos, lo primero que me pregunto es: ¿como se verá en 50 años?. Es cierto, que tal vez no se construya hoy, para perdurar 50 años, de todas formas, Oscar pasó la prueba. "lo moderno pasa desapercibido" Adolf Loos

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  2. Você vê como as coisas são complicadas: conheço o projeto do Niemeyer para a família Buarque - ganhei de uma amiga uma publicação especial que tinha esse projeto, e ainda um feito para o Carlos Drummond de Andrade. Precisaria achar a revista para confirmar, mas me mudei recentemente e essa tarefa é inviável agora.

    Mas tenho na memória que achei o projeto simples e razoavelmente habitável.

    Niemeyer foi um excelente arquiteto quando quis. Mas passou grande parte da vida sendo, ao inv[es de arquiteto, Niemeyer, esse personagem asqueroso do qual se tornou refém (de forma voluntária, ressalte-se).

    Refém das formas arrojadas mesmo que monstruosas; das escalas gigantescas ainda que incovenientes; dos caprichos estéticos de custos faraônicos (e outros, forçando "limpezas" geralmente em detrimento do desempenho arquitetônico).

    Diria que seria refém também do comunismo, ainda que psicopata. Mas disso ele nunca foi refém. Puro cálculo.

    Náo só pela sede do partido comunista, mas pelo apoio financeiro e , err, "institucional" de uma coleção de ditaduras socialistas ao redor do globo.

    Pronto. É isso que meu silêncio tinha sobre o assunto.

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  3. Vixe!

    Enfim... cada um com o seu silêncio.

    Em matéria de Niemeyer... o admirador minimamente bem-informado (e "não-cego", como as menininhas que eu vi desmaiarem quando ele adentrou o MAC para dar uma palestra uma vez) há de concordar contigo em vários pontos. E, ainda assim, ser capaz de admirar.

    Asqueroso, acho que ele sempre foi mesmo. Nunca me pareceu ser um personagem... mas de arquitetos simpáticos e boas intenções, o inferno tá cheio...

    E não adianta mesmo... arquitetura é algo muito subjetivo e, pra não fugir ao clichê... é impossível agradar a todo mundo. Fico aqui, na minha ignorância, com as formas monstruosas mesmo.

    Por falar nisso (em arquitetura, não em formas monstruosas), bonzinho seu blog também, não conhecia. Parabéns.

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  4. Realmente as coisas são complicadas... eu infelizmente não conheço o projeto que o Niemeyer fez para a família Buarque, mas acredito que seja um projeto relativamente simples e habitável... assim como dezenas (quiçá centenas) de outros projetos dele que não estampam os livros que encontramos por aí... e que são da sua fase dr. Jekyll

    Lembro das aulas de Arquitetura Brasileira, com o Comas no PROPAR... a quantidade de edifícios residenciais e comerciais que levam a assinatura do Niemeyer e que as pessoas nem se dão conta que são dele. Exatamente por não serem fruto da sua mania de aparecer com sua recorrente megalomania e seus virtuosismos estruturais que pouco agregam como arquitetura e que dão margem para os menos avisados lhe chamarem de escultor.

    Como tu bem colocaste ele se tornou refém de um personagem criado por ele (já leu o livro "meu sósia e eu"?)...e algum dia resolveu esquecer o Dr. Jekyll e se tornar Mr. Hyde em tempo integral... talvez por querer aparecer, talvez para garantir o leite dos bisnetos...

    Ainda assim... ainda com esses últimos 30 anos de produção não condizentes com os outros 30... eu acho complicado resumir ele a um escultor ou a um oportunista... e olha que estou longe de ser fã incondicional dele, mas acho que o período que ele quis ser um excelente arquiteto vale bem mais do que os seus anos de Mr. Hyde.

    Obrigado por compartilhar o teu silêncio conosco.
    luciano.

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  5. Gabriel, obrigado pelo apoio, e a porta lá t[a sempre aberta!

    Luciano, em um raio de uns 800 metros do meu escritório, tem duas obras do Niemeyer: o Copan e um Edifício de escritório e serviços. Eu e o pessoal do escritório almoçamos em ambos frequentemente, além de passarmos por eles a toda hora.

    Meu ponto agora é: Ele nem precisava ser discreto para ser um excelente arquiteto; o Copan - para mim, seu projeto mais sofisticado - é a melhor prova disso.

    Longe de serem aleatórias, suas curvas encaixam o prédio em um terreno difícil, configurando uma ligação belissima entre as faces perpendiculares do quarteirão, que se estende da ruela criada pelo térreo a dentro.

    O cuidado no detalhamento, na escala e na ergonomia de seus passeios internos, acomodado delicadamente no terreno inclinado, sobreviveu (com perdas, claro) a fase crítica em que toda a região do centro de SP se deteriorou.

    Então, vale a nota: ele não precisava abrir mão do aspecto escultórico de sua obra para fazer maravilhas arquitetônicas; o erro foi, com o tempo, abrir mão da arquitetura mesmo.

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  6. Pois é Alberto, o Copan é um bom exemplo de que dá para fazer uma boa arquitetura sem causar muito estardalhaço... e concordo também que mesmo sobrevivendo à fase mais crítica as perdas foram grandes e lastimáveis... mas podemos ver essas perdas como cicatrizes de uma guerra que não foi perdida.

    Tua colocação final sobre ele abrir mão da arquitetura e se amarrar apenas no aspecto escultórico é bastante pertinente e faz lembrar de outros arquitetos que sofrem com o mesmo problema, sejam estes arquitetos da constelação de starchitects ou não...

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  7. MvDDraw, é uma boa questão... como serão vistas as obras recentes do Niemeyer daqui a 50 anos, quando o ranço que temos hoje no Brasil já estiver sido esquecido.

    Será que em 50 anos, se ele já tiver morrido, as obras atuais serão colocadas no mesmo patamar das obras dos tempos heróicos? Eu penso que não, mas penso que as obras atuais serão vistas com olhos melhores do que os de hoje... seja isso justo ou não.

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  8. O TSE está construindo hoje para si a réplica de um projeto construído há 54 anos. Sinto pena de quem irá trabalhar lá. Os que mandam, ganharão vistosos gabinetes dignos de qualquer casa grande. Os que trabalham, salas escuras dignas de qualquer senzala. De comunista esse Nieymeier não tem nada. Escalpela o estado com suas obras faraônicas às quais não precisa concorrer com os demais arquitetos. A aposentadoria desse senhor será sinônimo de economia e ergonomia nas construções públicas de Brasília. O Chico Buarque está fazendo média. Se realmente quisesse uma casa projetada por ele ele teria pois dinheiro não lhe falta. Falta é coragem para terminar seus dias em uma estrovenga dessas.
    Abraços,
    Cláudio, Bsb.

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  9. Oscar, oscar!!!
    Cento e poucos anos de hipocrisia.

    E o segundo coma ambulante, que sujou a imagem de JK e do povo brasileiro impondo seu desvio psiquico comunista naquela maldita foice do memorial JK.

    Mas esse FDP sempre viveu e mamou do melhor do capitalismo e pregou o socialismo. Naturalmente para gozar e fazer caridade com o chapéu alheio.
    É tão asqueroso que nem a morte o quer levar.

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