domingo, 24 de junho de 2007

O que os olhos não vêem, o coração não sente... - Alvaro Siza, minimalismo de fachada?

Recebi nos últimos dias dois grandes amigos argentinos, ambos arquitetos, e entre os passeios arquitetônicos, gastronômicos, culturais e etílicos... passamos pelo futuro Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre.


Projeto do Pritzker Álvaro Siza, foi vencedor do Leão de Ouro na Bienal de Veneza... Mais do que merecidamente o projeto é lindo, um autêntico Siza!!! Conciso, silencioso, belo... localizado em um local com uma visual única da cidade de Porto Alegre.


Conseguimos marcar uma visita à obra, o que me deixou bastante contente uma vez que ainda não tinha entrado nela... e não é que o minimalismo do mestre Siza, nesta obra, é apenas formal!!! Que decepção... uma obra toda feita com paredes de concreto branco com aproximadamente 30 cm de espessura e com uma execução impecável... está recebendo em seus interiores quase 50.000 m² de gesso acartonado para revestir essas paredes e esconder instalações... minimalismo para inglês ver!



Mas como diz o título deste post... o que os olhos não vêem, o coração não sente... depois da obra terminada, Siza vai receber todos os aplausos do mundo e poucos vão perceber a tremenda enganação que é uma obra que possui linguagem minimalista, mas resoluções construtivas cheias de decorativismos e excessos...

As fotos são do arquiteto Nicolas Bailleres, na primeira uma vista geral do conjunto... na segunda uma vista interna e por fim uma sobre a cobertura do museu... onde não há nada que desfrute esta espetacular vista... o café está no térreo da edificação...

Mas mesmo com estes problemas e decepções arquitetônicas - esperava soluções contrutivas tão concisas quanto a forma do prédio, e também o máximo proveito das visuais que o terreno permite - obrigado Fundação Iberê Camargo, é um lindo marco arquitetônico para a cidade de Porto Alegre.

Mais informações sobre o projeto: http://www.iberecamargo.org.br/content/novasede/perfil.asp

2 comentários:

  1. pois é, o café no térreo é uma tristeza, ele está no volume mais baixo à esquerda da vista geral...

    a desculpa é que não se quis que o café fosse a atração principal e que o museu está ali para estimular novos empreendimentos na região... faltou avisar para eles que a encosta de fronte ao Estaleiro é de preservação, e que o Iberê é uma excessão... acho q só o pessoal da manutenção vai ter acesso a espetacular vista da cobertura... triste

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  2. acho que o luciano parte de um pressuposto errado. o de que o mestre siza é minimalista. coisa que ele não é nem nunca foi. e isso contamina todo o raciocínio deste post.
    além de que esse "minimalismo" a que faz referência é uma espécie de busca insana da "verdade", ao qual o gesso cartonado a esconder a cablagem é o vade retru satanás. e isso parece-me mais uma fuga do que uma abertura. porque tenta loucamente desocultar uma "verdade" que o nunca é. porque, pura e simplesmente, não existe essa "verdade" universal.

    abraço de lisboa,
    joão

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