terça-feira, 22 de setembro de 2009

Momento Pipoca: "O Arquiteto"



Você leu bem: Não é repetição do post anterior. E, sim: Por incrível que pareça, existe um filme com esse nome. E não é tradução besta, o título original é esse mesmo.

Aliás, só um não: uma meia dúzia... há outros com o mesmo nome, segundo o IMDb, porém, à primeira vista, de menor relevância.

Não que The Architect, produção norte-americana de 2006 seja uma obra prima cinematográfica. Está longe disso. Com elenco, cenário (e estereótipos) tipicamente americanos à mão, o diretor Matt Tauber tenta, por vezes, dar ao filme uma roupagem de drama existencial à européia, mas não chega lá. Entretanto, vale pela curiosidade do tema. Mais um "nice guy" na parada.

A história gira em torno do arquiteto Leo Waters (Anthony LaPaglia, celebrizado pelo seriado "Without a Trace"), às voltas com a esposa infeliz (Isabella Rosselini, propositalmente feia e apagada para o personagem), a filha adolescente com os hormônios à flor da pele (Hayden Panettiere, a apetitosa "cheerleader" do seriado "Heroes"), o filho desinteressado pelos estudos e uma líder comunitária que defende a demolição de um de seus projetos, um conjunto habitacional popular num subúrbio de Chicago.

Aliás, essa é a melhor das várias histórias paralelas que o filme conta: Tonya Neely (Viola Davis, indicada ao Oscar esse ano por "Dúvida") aparece um dia em uma das aulas que Waters ministra em uma faculdade de arquitetura - e para onde frequentemente arrasta os entediados filhos que sonha ver também arquitetos, apresentando-lhe um abaixo assinado pedindo a derrubada dos prédios que ele projetou (segundo ela, até Oprah Winfrey já teria assinado). Sustenta que a arquitetura do conjunto deixa as pessoas infelizes e potencializa problemas já sérios da área, como a violência e o tráfico de drogas, e pede que ele(!) também assine, para dar credibilidade ao documento (mais tarde, se saberá que seus motivos são mais íntimos e profundos do que se imaginava). Waters, magnânimo, defende seu projeto, dizendo que os problemas não são culpa dele e que os apartamentos são populares, baratos, etc. Ao longo do filme, o embate se desenrola, e sua defesa apaixonada do projeto, durante a qual até o pobre LeCorbusier é citado, sofre um abalo quando vem à tona que ele nunca esteve no conjunto depois de elaborar o projeto, para ver como as pessoas lá viviam.

Assim, entre dramas existenciais de vários personagens que, vez por outra, irão se cruzar, Waters vai fazendo uma retrospectiva e revendo valores, tanto em casa quanto no trabalho, acabando por fazer uma severa autocrítica.

Como disse anteriormente, o filme não chega a ser uma "pérola", mas vale pela curiosidade do tema. Fica aqui um registro de mais um colega na telona. Se topar com ele zapeando pela programação cada vez pior da TV por assinatura, vale uma parada, pra matar a curiosidade.

3 comentários:

  1. Parabéns pela descoberta, Luciano. Independente da qualidade do filme, vale a pena conferi-lo pois diz sobre nossa área; temos o dever de assisti-lo e o direito de criticá-lo se necessário. Pela sinpose da para ver que, pelo menos, é melhor do que a porcaria do "Click", hehe.
    Agora, esse titulo "The Architect" nunca chegaria ao Brasil, no maximo "Uma vizinhança do barulho"! hehe

    ResponderExcluir
  2. Henrique, só pela qualidade do texto tu já deveria ter visto que foi o Gabrielito que descobriu o filme...

    Gabriel, tu tá devendo o texto do verdadeiro filme sobre arquitetura, com Gary Cooper... esse sim deveria ser obrigatório nas faculdades de todo o Brasil.

    ResponderExcluir
  3. O problema é que a idéia era fazer um texto tipo "veja o filme, leia o livro". Só que eu não consigo terminar aquela bíblia! tenho que retomar, terminar e aí prometo que escrevo. Esse é indispensável mesmo.

    ResponderExcluir