Arquitetura siliconada
Depois de um longo de tempo de imperdoável e injustificável ausência, eu tomei vergonha na cara e resolvi voltar ao bom e velho blog... ainda não sei bem qual a linha a ser seguida ou retomada, mas devagarinho ele volta a tomar forma, a tomar corpo...
Falando em corpos.... esses tempos vi um comentário no mínimo interessante, um veterano ator da TV brasileira dizia que ele era um "machossauro", uma espécie em extinção... e que os "machossauros" eram do tempo que as mulheres tinham seios de verdade e não seios siliconados... E continuava falando bobagem, como se fosse coisa séria, e dizendo que quem gosta de peito de plástico é Playmobil.... que a mulher deve ser autêntica... e outra bobagens...
Mas voltando à arquitetura...
Em junho do ano passado eu estive visitando a obra da Fundação Iberê Camargo e fiquei bastante decepcionado com o que vi, pois imaginei que as impecáveis paredes de concreto branco que se viam de fora, fizessem parte da composição interna do prédio.... o que não acontece, uma vez que por dentro ele é praticamente todo revestido com gesso acartonado.... essa decepção somada a perda da libertadores pelo meu Grêmio Imortal, motivaram um mau humorado texto - http://arquis.blogspot.com/2007/06/o-que-os-olhos-no-vem-o-corao-no-sente.html - mau humorado, porém sincero...
Pois bem, passado um ano... obra pronta, Grêmio líder do Campeonato Brasileiro... eu depois de visitá-la posso dizer, SENSACIONAL!!! A fundação não deve nada para museus que já visitei por aí (e olha que já visitei um bocado deles... ).
A promenade iniciada pelo último pavimento, as rampas que saem do prédio e o abraçam, as abertura estratégicas para o Guaíba, o refinado desenho do mobiliário e das luminárias.... enfim, uma baita obra!!!
...que emociona pela sua plasticidade, espacialidade e pela visível obsessão pelo detalhe, marca do arquiteto português.
O prédio do Siza talvez seja um bom exemplo de Arquitetura siliconada... é linda, enche os olhos, emociona... e o gesso não deixa de ser sua prótese de silicone... mas uma prótese proporcional, que faz parte da obra, valoriza e não chama a atenção... uma prótese tão perfeita que só quem conheceu antes da "cirurgia" sabe da sua existência.
(dá série, coisas que não precisavam ser escritas: colocar silicone em uma mulher irremediavelmente feia ajuda tanto quanto colocar um frontão em uma obra do Mies)
p.s.: Sim, a primeira foto é pra compensar o texto....
É... segui tem conselho e consegui um "slot" entre tios, avós e pais e visitei o lugar... realmente, é comovente o resultado, de uma simplicidade desconcertante. É poesia construída.
ResponderExcluirMas...
Uma pena que seja uma arquitetura cuja compreensão foge à larga maioria da população. Logo, logo, "notáveis" com espaço maior do que o merecido na imprensa da Província hão de reclamar - de novo - que o troço não tem vista pro Guaíba, que isso, que aquilo... e, no outro dia, os ecos pelas ruas da cidade: "viu a coluna do fulano, sobre o museu? pois é, ele tem razão, não?!".
E o barco segue...
Adendo: "Homem que é homem gosta de mulher, ponto."
ResponderExcluirIsso vale prá arquitetura. Se algo me emociona, valeu a caminhada. E, como disse prô Gabri quando a gente chegava ao museu: é do "Carvalho" e é mesmo. Emocionante é a palavra que me ocorreu. Mexeu comigo.