segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bloco de Viagem: Montréal

Downtown Montreal...
E, falando em Viagem...

Montréal é uma cidade bacana. Embora um tanto "cinzenta", é limpa e organizada, o transporte público é uma beleza, o povo é simpático e educado, fala efetivamente francês e inglês, com preferência para o primeiro, a língua das ruas. Mas lhe atenderá no idioma bretão sem resmungos nem cara feia (não: lá não é Paris). E, apesar do número acima do normal (para um país como o Canadá) de bêbados, mendigos, flanelinhas e malucos soltos pela rua, eles são inofensivos e a cidade é segura.

Há bares e pubs para todos os gostos, na bela cidade velha (que tem um quê Buenos Aires) e na boêmia Rue Saint-Denis. Meus contatos imediatos com a culinária vietnamita foram bem sucedidos, recomendo.

A boêmia Saint-Denis e seus... humm... "prédios de inspiração francesa".

Mas, em termos de arquitetura, confesso que Montréal deixa a desejar. Grande parte da cidade, em especial os subúrbios residenciais e a área central, se parece com qualquer cidade norte-americana. O pouco que chama a atenção são alguns neo-modernos ou "business centers" no centro, uma ou outra loja diferente na Rue Saint-Catherine (como a descolada Apple Store, que em seguida volto a comentar) e os prédios de inspiração francesa, na cidade velha. No entanto, caminhando por ali com um economista alemão, colega de curso que já viajou toda a europa, comentei com ele que a arquitetura ali era interessante, e ele prontamente respondeu que até sim, mas não havia visto prédios como aqueles na França. Na verdade, em nenhum país da Europa.

O problema é que a "inspiração francesa" na arquitetura acabou se sedimentando como um orgulho local, comparando a grosso modo, mais ou menos como aconteceu com o "estilo bávaro-suíço" em Gramado, no Rio Grande do Sul. Assim, o mercado imobiliário a explora e presenteia a cidade com exemplares bizarros de edifícios residenciais, comerciais e hotéis de "inspiração francesa" de gosto altamente duvidoso e baixíssima qualidade arquitetônica. Coisa de louco. Pra quem acha que essas coisas não acontecem nesses lugares, é bom ficar ciente de que o primeiro mundo também produz muito lixo arquitetônico.


Não fui lá, mas vi isso do avião...

Isso só acentua o fato de que a boa arquitetura é desconcertantemente escassa em Montréal. Os prédios que não são cafonas, são comuns, estéreis, no máximo corretos. É verdade que repeti os mesmos percursos durante a semana e não tive tempo de fazer um "turismo arquitetônico" mais afinado. Perdi de visitar o Estádio Olímpico (que apesar do nome, é bem legal) e o belo Oratório de São José, a maior igreja católica do Canadá. Mas a gente sempre sabe quando uma cidade é tomada de boa arquitetura: Normalmente, não é necessário procurar... ela "te acha".

Mas... nem tudo está perdido. A Grande Bibliothéque du Québec é muito legal. Projeto do escritório Patkau Architects, de Vancouver. Era perto do meu hotel (de inspiração francesa, diga-se de passagem) e pude visitar um dia, à noite. Um bom exemplar contemporâneo. Pena que as fotos no interior são proibidas. Mas valeu essa externa.

Grande Bibliothéque du Québec

Ah, assim como acontece em boa parte da área mais central da cidade, para suportar os rigorosos invernos, a biblioteca é conectada diretamente ao metrô, pelo subsolo. Há praticamente outra cidade lá. Isso me possiblitava caminhar 50m do hotel à estação, descer 3 estações depois e ir direto para a sala de aula no 11o. andar da Torre da Bolsa de Valores, no centro, sem passar pela rua. Bem interessante.
E além do mais, a Rickards Red é uma das melhores cervejas que já tomei, e as montrealenses são belas, esguias e bem vestidas, de fama nacional... nesse ponto, é uma espécie de Porto Alegre canadense.


É... nem tudo está perdido. Afinal, nem só de arquitetura vive o homem. Noves fora, vale a pena passar por lá.

7 comentários:

  1. Tchê, que bom ver teus textos de volta no blog!!!

    Mas conta mais sobre os motivos da viagem...

    abraço
    luciano

    p.s.: dei uma editada no layout do teu texto pra deixar ele redondinho...

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  2. ah... esse papo de não poder tirar fotos no interior da biblioteca é papo de frouxo, tira a foto e depois tu te entende com l'homme dans noir

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  3. Gabriel ,concordo com Lu.nos queremos ver fotografias do interior da biblioteca!!!!!! vai dar outra volta e tira as fotografias ....responda e nao seja bicha....
    Gosto muito de seus textos ainda nao tu nunca me responda..

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  4. Hahahah... se eu voltar a Montréal, prometo tentar tirar umas fotos pra vocês. Os seguranças foram educados mas bem... humm... "incisivos" quanto a não deixar bater fotos lá dentro. E ela estava fechando também...

    E eu não respondo porque tenho participado menos do que gostaria do blog. Agora que fui ameaçado de demissão (do blog, não do trabalho), vou comparecer mais (e prometo responder). Abraço!

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  5. Grabiel que bomm que respondeu!!! maravilaaaa...vc é um bicha com palavra??
    Concordo tambem com a culinária vietnamita..
    Abraço

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  6. Gabriel!
    Acho que esta' na hora de voltarmos a nos comunicar com mais frequencia...nao acredito que estiveste em Montreal...estou morando aqui...fazendo mestrado em planejamento urbano...vou ver se consigo umas fotos da biblioteca.
    Sobre a "mediocridade" da arquitetura, concordo plenamente (e os arquitetos daqui tambem). Acontece que Montreal foi - e continua sendo - construida por grandes projetos imobiliarios, que construiram bairros inteiros de uma so' vez, com a mesma arquitetura "standard". Hoje muitos destes bairros sao considerados patrimonio, e nem a populacao nem a legislacao permite que se construa algo muito diferente. Mas existem algumas excecoes tambem! Nao tenho nenhum link aqui comigo, mas vou tentar de mandar alguns exemplos.
    abraco,
    danielle hoppe

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  7. Danielle,

    Uma pena mesmo, mas não está descartada uma volta a Montreal no futuro. Vamos manter contato.
    É interessante como saímos do Brasil e vemos que problemas que achávamos ser exclusividade nossa se repetem até em lugares como o Canadá. Mudam os atores - e as cifras - mas, no fim, há certas síndromes que parecem "crônicas" das metrópoles contemporâneas.
    E esse seu mestrado? bem interessante, é na UQÀM?

    Continue lendo o blog, procuramos sempre variar os assuntos tem sempre algo interessante por aqui. Abraço!

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