quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ir para casa de ônibus ou comprar um maço de cigarros Lincoln e ir a pé?

Paulo Mendes da Rocha em momento "foi bom pra você?"

Pouco tempo atrás, em um intervalo da aula de projeto, uma aluna começou a falar sobre os grandes arquitetos como se estes fossem seres inatingíveis, pessoas de outro mundo.... eu tentei explicar que não é bem assim.

Está certo que há aqueles que vestem o manto de Starchitect e esquecem que são arquitetos e qual a sua função na sociedade, mas felizmente estes não são a maioria.

Paulo Mendes da Rocha é um Arquiteto que faz parte do time dos mocinhos e sua simplicidade é cativante. Eu lembro ter lido uma entrevista sensacional com ele na revista Projeto, logo depois do Pritzker, e graças a boa internet eu a encontrei e compartilho com os amigos, principalmente com os mais novos que não tiveram a oportunidade de lê-la.

Abaixo um dos melhores trechos, onde ele fala sobre os seus trabalhos no período da ditadura militar, após sua saída da FAU/USP:

E quais eram os projetos dessa época?
Eu fiz algumas coisa que não se sabia, mas agora posso contar. Eu pintei porta de loja na rua Augusta. Fazia caricaturas, coisas que serviam de enfeite, feitas com pastel e protegidas com verniz. Há algumas coisas que inventei: fiz um mural num andar alto do edifício Conde de Prates, para a empresa de navegação Hamburg Süd, no qual havia navios e carregadores com sacos na cabeça. Eu fazia de tudo porque tinha filhos. Comecei a trabalhar com um cidadão italiano muito interessante, que tinha uma loja de decoração na rua Augusta. Ali fiz essas cadeirinhas de aço que até hoje estão por aí. Perspectiva para outros arquitetos, para vender prédios, para estande de vendas, fiz várias.

O senhor chegou a registrar alguns desses trabalhos?
Eu não documentava nada. Lembro de uma lojinha que eu fiz, na rua Augusta, coisa de moda. A porta era toda pintada e havia uma senhorita, uma mulher com uma piteira, uma correntinha e um cachorrinho peludo - uma coisa um tanto Toulouse Lautrec. Besteiras que eu não sei como engoliam e me pagavam. Mas eu desenhava bem, desenharia qualquer coisa mais ou menos. Então passei a fazer isso para sobreviver. Lembro que muitas vezes, quando tinha escritório no edificio Filizola e morava num apartamentinho da rua Lisboa, travessa da Rebouças, eu precisava decidir: ir para casa de ônibus ou comprar um maço de cigarros Lincoln e ir a pé? Fiz esse trajeto a pé várias vezes.


O resto da entrevista podes encontrar aqui:
http://www.arcoweb.com.br/entrevista/entrevista84.asp#entrevista

5 comentários:

  1. Realmente existem arquitetos que são bem mais "tangíveis" do que outros. Com a internet isto fcou bem mais fácil. Tive oportunidade de conversar com o Sylvio de Podestá e com o Edson Mahfuz, ambos foram extremamente receptivos. Mas até hoje espero a resposta do e-mail que mandei pro Renzo... HAHAHAHAHAHAHAHA

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  2. hehehehehehe..... boa!!! quem o cara pensa que é? se eu fosse tu mandava outro email pro cara dizendo que o Richard Rogers sempre foi mais arquiteto que ele heheheheh

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  3. Nada...o Rogers também não me respondeu,.....hahahahahaha

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  4. Até "os caras" passam por uns bocados!
    Ainda bem que na fumo... rsrs*

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  5. m. acho que não é uma questão de passar por bocados... mas sim de fazer a escolha certa hehehehehe...

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